quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Reformas de Dilma sofrerão resistências


Blog do Kennedy
O sucesso de propostas de reforma previdenciária e trabalhista que a equipe econômica afirma que apresentará ao Congresso vai depender da capacidade do governo de construir consensos. Não basta falar de planos impossíveis para agradar ao mercado, porque um eventual fracasso geraria um efeito econômico pior.
Olhando o Congresso que temos hoje e como ele votou no ano passado, as chances de êxito parecem baixas. Quando tinha capital político e popularidade, a presidente Dilma Rousseff nunca apresentou reformas dessa natureza.
O governo sugere que tentará fazê-lo num cenário de baixa popularidade e numa hora em que voltará a enfrentar o pedido de abertura de processo de impeachment, o que deverá acontecer depois do Carnaval, em fevereiro. É provável que o cenário econômico esteja pior. Portanto, haverá dificuldades.
É importante debater uma reforma da Previdência que estabeleça idade mínima para aposentadoria, sempre levando em conta que os mais pobres começam a trabalhar mais cedo. É preciso pensar em regras justas socialmente e que garantam a sustentação financeira da aposentadoria das futuras gerações.
O debate sobre flexibilização de regras trabalhistas é necessário porque as relações entre empregados e empregador mudaram nos tempos modernos. Mas deve haver preocupação em proteger o lado mais fraco, sobretudo num momento de crescimento de desemprego, justamente quando os empregados perdem poder de barganha.
Seria desejável algum tipo de acordo com a oposição. No entanto, o PSDB e o DEM têm tido uma posição radical. Muitas vezes votam em matéria fiscal como o PSOL, fazendo exatamente o contrário do que pregavam quando estavam unidos no governo FHC.
Em entrevista ao SBT, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que, se houvesse sinceridade da parte de Dilma e uma iniciativa dela de propor diálogo sobre uma agenda mínima, os tucanos poderiam conversar.
No atual clima de guerra, é algo muito complicado, mas que precisaria ser tentado, porque o país está afundando política e economicamente. É preciso grandeza do governo e da oposição, algo que tem faltado aos dois lados.
E, claro, a iniciativa de conversar teria de partir da presidente Dilma, que deveria, depois de colher vitórias, como a que obteve no Supremo Tribunal Federal na semana passada, procurar estabelecer pontes e não achar que ganhou força para escalar a guerra.
O país precisa de uma classe política que busque a paz, sob pena de prejudicar ainda mais a vida dos mais pobres.