Blog do Kennedy
O
sucesso de propostas de reforma previdenciária e trabalhista que a
equipe econômica afirma que apresentará ao Congresso vai depender da
capacidade do governo de construir consensos. Não basta falar de planos
impossíveis para agradar ao mercado, porque um eventual fracasso geraria
um efeito econômico pior.
Olhando
o Congresso que temos hoje e como ele votou no ano passado, as chances
de êxito parecem baixas. Quando tinha capital político e popularidade, a
presidente Dilma Rousseff nunca apresentou reformas dessa natureza.
O
governo sugere que tentará fazê-lo num cenário de baixa popularidade e
numa hora em que voltará a enfrentar o pedido de abertura de processo de
impeachment, o que deverá acontecer depois do Carnaval, em fevereiro. É
provável que o cenário econômico esteja pior. Portanto, haverá
dificuldades.
É
importante debater uma reforma da Previdência que estabeleça idade
mínima para aposentadoria, sempre levando em conta que os mais pobres
começam a trabalhar mais cedo. É preciso pensar em regras justas
socialmente e que garantam a sustentação financeira da aposentadoria das
futuras gerações.
O
debate sobre flexibilização de regras trabalhistas é necessário porque
as relações entre empregados e empregador mudaram nos tempos modernos.
Mas deve haver preocupação em proteger o lado mais fraco, sobretudo num
momento de crescimento de desemprego, justamente quando os empregados
perdem poder de barganha.
Seria
desejável algum tipo de acordo com a oposição. No entanto, o PSDB e o
DEM têm tido uma posição radical. Muitas vezes votam em matéria fiscal
como o PSOL, fazendo exatamente o contrário do que pregavam quando
estavam unidos no governo FHC.
Em entrevista ao SBT, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB),
disse que, se houvesse sinceridade da parte de Dilma e uma iniciativa
dela de propor diálogo sobre uma agenda mínima, os tucanos poderiam
conversar.
No
atual clima de guerra, é algo muito complicado, mas que precisaria ser
tentado, porque o país está afundando política e economicamente. É
preciso grandeza do governo e da oposição, algo que tem faltado aos dois
lados.
E,
claro, a iniciativa de conversar teria de partir da presidente Dilma,
que deveria, depois de colher vitórias, como a que obteve no Supremo
Tribunal Federal na semana passada, procurar estabelecer pontes e não
achar que ganhou força para escalar a guerra.
O país precisa de uma classe política que busque a paz, sob pena de prejudicar ainda mais a vida dos mais pobres.