Do BR 247
A oposição deve colocar em prática nesta semana um plano que prevê,
ao mesmo tempo, preservar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), e salvar o processo de impedimento da presidente Dilma
Rousseff.
Isso porque se chegou a um consenso entre os partidos opositores,
como o PSDB do senador Aécio Neves (MG), o DEM, liderado na Câmara por
Mendonça Filho (PE), e o Solidariedade do deputado Paulinho da Força
(SP): um golpe tendo à frente Eduardo Cunha – alvo de inquérito no STF
sob acusação de corrupção, apontado como dono de contas secretas na
Suíça e candidato a perder o mandato – é inviável.
O plano envolve uma pena mais branda para Cunha no Conselho de Ética
da Câmara, em vez da cassação de seu mandato – estuda-se uma suspensão
de 90 dias da presidência da Casa –, a renúncia do peemedebista ao cargo
já nesta terça-feira 15 – dia em que pode ser aberto novo processo
contra ele, após a escolha de um novo relator –, a convocação, pelo vice
Waldir Maranhão (PP-MA), de novas eleições para o comando da Câmara, e
finalmente a eleição do deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
Sem denúncias envolvendo seu nome, Jarbas seria o candidato perfeito
para dar sequência ao golpe, aliado à oposição. Crítico de Cunha e de
Dilma, uma vez no cargo de presidente da Câmara, ele admitiria as
chamadas 'pedaladas fiscais' como motivo suficiente para o impeachment.
As conversas em Brasília já estariam adiantadas sobre o acordo, e já
teriam recebido a aprovação do próprio Eduardo Cunha.
Jarbas já chamou Cunha de "psicopata, doente" e destaca com
frequência que o atual presidente da Câmara atrapalha o processo de
impeachment. "Está vendo a falta de gente aqui? É o descrédito das
pessoas. Um chantagista comandando a Câmara dos Deputados. Por isso as
pessoas não vêm para as ruas", comentou o parlamentar neste domingo, no
Recife, a respeito da baixa adesão aos protestos.
A verdade é que Cunha precisa 'morrer' para que se dê sequência ao
golpe. Mesmo que seja uma morte articulada. Essa tese já foi deixada
bastante clara pela imprensa neste fim de semana. Editorial do Globo
afirmou, no sábado, que a manipulação de Cunha "ultrapassou todos os
limites" e pediu sua saída do cargo. No domingo, a Folha de S. Paulo
também pediu 'Fora, Cunha', mas por um impeachment limpo.