As empreiteiras Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, IESA e UTC
aceitaram, em reunião, pagar R$ 2,4 milhões em caixa 2 para a campanha
de reeleição do então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em
2006. Segundo o Estado de S. Paulo, o dono da UTC, Ricardo Pessoa,
informou à Polícia Federal que o pedido para a doação “não oficial”
partiu do tesoureiro da campanha, José de Filippi Júnior. As empresas
envolvidas participavam do consórcio QUIP, que construía uma plataforma
da Petrobras. A solicitação foi discutida entre os representantes das
empresas, inclusive Pessoa. “O atendimento da solicitação (de dinheiro
vivo para a campanha de Lula) foi aprovado pelo conselho da QUIP, em uma
reunião entre o declarante (UTC), Ildefonso Colares (então presidente
da Queiroz Galvão), Valdir Carreiro (executivo da Iesa) e Camerato
(executivo da Camargo Corrêa)”, detalhou o empreiteiro, que seria o
responsável por operacionalizar os repasses. Na prestação de contas da
campanha petista à Justiça Eleitoral constam quatro doações oficiais da
UTC, no total de R$ 1,2 milhão – valor que não estaria incluso no caixa
2. O PT, a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a
Camargo Corrêa não quiseram comentar o caso. A UTC não respondeu aos
contatos da reportagem. A reportagem não localizou representantes da
Iesa para comentar o caso. A Queiroz Galvão defendeu que “as atividades
da companhia são pautadas pelo respeito aos padrões internacionais de
ética corporativa”. Já José de Filippi alegou que não solicitou a
retirada de qualquer quantia em seu nome e que todas as contribuições
que recebeu de Pessoa foram recebidas formalmente via Transferência
Eletrônica Direta (TED) e registradas à Justiça. “Refuto veementemente
todas as acusações que o Sr. Ricardo Pessoa dirige a mim. Ao longo de
mais de 20 anos, ocupei cinco mandatos populares, tosos eles
conquistados sobretudo pela confiança que a população de Diadema me
conferiu. Jamais solicitei ou recebi vantagens indevidas nos cargos que
exerci. Este é meu maior patrimônio e que ninguém irá me tirar”, afirma.