Eduardo Cunha não disparou o processo do impeachment por acaso. Foi
tudo obra do gênio - no duplo sentido - de Lula. Isto porque a decisão
do PT, por ordem direta do seu chefe supremo, de condenar Cunha no
Comitê de Ética, é que provocou a fúria explosiva do historicamente mais
polêmico presidente da Câmara dos Deputados.
Na verdade, as notícias que temos são no sentido da revolta de Lula
quanto ao comportamento nocivo de Dilma. Em particular, Lula desistiu de
Dilma quando ela desdenhou da articulação dele para colocar Henrique
Meireles no Ministério da Fazenda e salvar o Governo. Porém, Dilma
humilhou Lula publicamente ao rejeitar todo o esforço que ele havia
feito para convencer Meireles.
Na verdade, Lula considera que Joaquim Levy é um bom técnico, mas não
tem a mínima condição de liderar qualquer saída para a crise econômica
dramática que o Brasil vive. Por outro lado, Lula considera que grande
parte do sucesso econômico do seu Governo foi por conta da escolha de
Meireles para o Banco Central. Daí porque Lula ter apostado todas as
fichas na volta de Meireles, agora para comandar o Ministério da
Fazenda.
O líder máximo do PT entende que a permanência de Levy está levando o
Brasil rumo a um poço sem fundo, e pior, vai destruir todo o trabalho
de resgate social que Lula conquistou para o Brasil. Ou seja, Lula está
convencido que Levy vai levar o Brasil de volta para a mais tenebrosa
miséria vivida no passado. E isto deixa o ex-presidente entre revoltado e
deprimido.
Ele coloca toda a conta na teimosia irracional de Dilma em manter uma
política econômica que só destrói empregos, aniquila receitas públicas e
privadas. Além de todos os demais aspectos negativos que o Brasil está
vivendo e vai viver ainda mais mergulhado num futuro triste e incerto,
por conta das decisões desastradas da atual presidente da República.
Nesse quadro, Lula está convencido que Dilma não respeita mais as
opiniões dele e vai como uma louca levando o País às mais tenebrosas
trevas. E se é assim, ele prefere que Michel Temer assuma logo, pois é
um quadro mais previsível, equilibrado e confiável. Ou seja, se
arrependimento matasse, Lula já estaria para lá do cemitério. E a única
maneira dele sobreviver é ter a morte rápida da Dilma. E quanto mais
acelerado, melhor.
Sim, tem outro aspecto: Lula estava ficando sozinho na vitrine da
corrupção e Dilma assistindo o drama de camarote. Agora tudo virou de
cabeça para baixo. Com o início do processo de impeachment, Dilma entrou
para o centro do palco e é a estrela maior dessa grande fogueira em
chamas chamada Brasil. Só que Lula vai ficar fazendo puro jogo de cena,
aparentando inflamada defesa de Dilma, embora esteja realmente
conspirando para se livrar da triste criatura que se voltou contra o
poderoso criador.