terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Dilma versus Temer: já é um confronto



Blog do Kenndey
Já está em curso uma disputa pelo poder entre a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer. As declarações da presidente e de ministros, sempre enfatizando confiança na lealdade do vice, objetivam constranger uma eventual atuação pública de Temer.
As opiniões do vice, as mais duras atribuídas a aliados, deixam claro para a oposição que ele não ajudará o governo a barrar o impeachment. As relações entre Dilma e Temer esfriaram muito. A presidente sempre relegou o colega de chapa ao segundo plano. Agora, ela paga o preço de um erro político.
A disputa dos dois pelo poder já é uma realidade. As declarações sobre confiança são lances de uma guerra fria entre a presidente e o vice.
Uma entrevista do senador José Serra hoje à “Folha de S.Paulo” mostra que, no mínimo, uma parcela do PSDB já embarcou na canoa de Temer. Serra teve papel importante em articulações de bastidor com os advogados Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo para a apresentação do pedido de impeachment, é interlocutor frequente de Temer e seria um nome cotado para ministro da Fazenda num governo do peemedebista.
Até o momento, Serra é o tucano que defende mais abertamente o governo Temer. Mas o senador Aécio Neves e o governador Geraldo Alckmin sinalizam que também embarcarão nessa canoa.
Da parte do governo, a estratégia será mostrar que a oposição vê em Temer um atalho para chegar ao poder porque não aceitou o resultado da eleição de 2014.
Já há um movimento liderado pelo ex-ministro Ciro Gomes e pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), inspirado na Rede da Legalidade de 1961, iniciativa à época capitaneada por Leonel Brizola a favor da posse de João Goulart após a renúncia de Janio Quadros. Ciro Gomes fez duros ataques a Temer e ao PMDB. Haverá embate político duro nas próximas semanas.
Mas, como também disse o ministro Ricardo Berzoini em entrevista à “Folha de S.Paulo”, é fundamental que o governo tenha voto para barrar o impeachment. O governo precisa de 171 votos, um terço da Câmara. Se não obtiver isso, não tem condição de governar. Portanto, lutará para derrubar o impeachment e reafirmar a legitimidade do governo, a fim de tentar um recomeço político.