Aliado à oposição, o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), adiou para as 14h de amanhã o prazo para a indicação de
nomes para a comissão especial que analisará o impeachment da
presidente Dilma Rousseff (PT). A informação foi dada pelos líderes do
governo, José Guimarães (PT-CE), do PMDB, Leonadro Picciani (RJ), e do
PC do B, Jandira Feghali (RJ).
Eles conversaram com a imprensa ao deixar a reunião de líderes, no
gabinete do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os três
disseram ser contra o adiamento. "Nós não aceitamos esse tipo de
manobra", afirmou Guimarães. Picciani classificou o fato como "grave".
Segundo os líderes, a votação nesta segunda-feira foi definida em acordo
com a oposição na semana passada.
Feghali classificou a decisão como uma "manobra" que poderia impedir a
reunião do Conselho de Ética na terça-feira, também marcada para as
14h, quando poderá ser votado o prosseguimento do processo contra Cunha.
Até as 17h de hoje, mais de 60 nomes já haviam sido indicados pelos partidos para preencher as 65 vagas da comissão.
O adiamento se deu porque a oposição e a ala antigoverno do PMDB
resolveram lançar uma chapa independente, com viés contrário à
presidente Dilma. A insatisfação com a chapa original se deve às
indicações feitas pelo líder do PMDB, Picciani, que escolheu
majoritariamente nomes contrários ao impeachment.
Cada chapa precisa ter, no mínimo, 33 integrantes. Se a chapa
vencedora não tiver 65 membros, novas indicações são feitas para
preencher as vagas remanescentes. Estes nomes retardatários são
submetidos a outra votação, o que deve atrasar ainda mais a instalação
da comissão.
O prazo para indicações de representantes, que já havia sido adiado
das 14h para as 18h de hoje, foi novamente postergado, agora para as 14h
de terça-feira. Caso a sessão comece logo em seguida, inviabiliza a
sessão do Conselho de Ética, marcada também para as 14h, para votação do
parecer pela continuidade do processo contra Cunha.
A decisão de aceitar uma nova chapa e adiar a votação irritou líderes
governistas. A reunião na presidência da Câmara ficou tensa e os
líderes do PT, Sibá Machado (AC), e do PCdoB, Jandira Feghali, elevaram a
voz.
Sibá deixou a reunião transtornado. "Isso arrebenta com qualquer
possibilidade de relação aqui dentro. É inaceitável. Não é mínimo do
campo democrático. O processo já começa supercontaminado. Acho que tem o
dedo dos tucanos para criar problema", afirmou Sibá Machado. "Tem uma
guerra e vamos para ela do jeito que ela vier", disse o líder do PT.