A Polícia Federal lançou 18 vezes o nome do ex-presidente Lula no
termo do novo interrogatório do empresário e pecuarista José Carlos
Bumlai, amigo do petista desde 2002. O interrogatório é o terceiro em
série a que foi submetido Bumlai desde que a PF o prendeu dia 24 de
novembro na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato que
investiga o emblemático empréstimo de R$ 12 milhões tomado pelo
pecuarista junto ao Banco Schahin, em outubro de 2004 - o real
destinatário do dinheiro foi o PT, segundo Bumlai. O inquérito é
dirigido pelo delegado da PF Filipe Hille Pace.
Um longo trecho do interrogatório, realizado na segunda-feira (21), é
dedicado às relações do pecuarista com Lula, que teve seu nome
registrado 18 vezes no termo. O Instituto Lula, criado pelo
ex-presidente quando deixou o Palácio do Planalto, no início de 2003,
foi citado três vezes.
A linha de questionamentos da PF a Bumlai revela que os
investigadores buscam algum indício de envolvimento do ex-presidente e
do PT nos negócios do pecuarista. Em todas as vezes em que a PF o
indagou sobre Lula, o prisioneiro blindou o ex-presidente - como já o
fizera nos relatos anteriores.
Sobre o capítulo Schahin, o pecuarista disse que o empréstimo foi
negociado na presença do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares - mais
tarde réu e condenado no processo do Mensalão. A PF também questionou
Bumlai sobre e-mail dele para o secretário da Embaixada do Catar em
Brasília, em fevereiro de 2014, em que o pecuarista demonstra empenho em
agendar uma reunião com o ex-presidente. O Instituto Lula não comentou.