Do Blog do Josias
Os governos de Lula e Dilma alcançaram um feito notável: deram
visibilidade inédita à corrupção cometendo-a em proporções oceânicas.
Fizeram isso com o auxílio de um elenco de apoio que inclui Collors,
Dirceus, Cunhas e Valdemares, Delcídios, Vaccaris, Calheiros e outros
azares
Por ora, o acúmulo de fraudes e roubalheiras leva à conclusão de que a
única consequência prática do mar de lama é produzir outro mar de lama –
o mensalão puxando o petrolão –, tudo desaguando num oceano tóxico em
que boia um país atônito.
O Brasil ainda não encontrou a solução. Mas pelo menos já começou a
enxergar o problema. Segundo o Datafolha, a corrupção alçou pela
primeira vez desde 1996 o topo da preocupação dos brasileiros.
Para 34% dos eleitores, a roubalheira tornou-se o principal problema
do país. Vêm a seguir: saúde (16%), desemprego (10%), educação e
violência (8% cada), além da ruína econômica (5%).
Empurrado para a encruzilhada ética, o país dispõe de duas
alternativas: pode tomar, finalmente, o rumo da moralidade. Ou pode
continuar afundando em seus vícios insanáveis.
Há uma semana, numa palestra em São Paulo, o juiz da Lava Jato,
Sérgio Moro, soou pessimista: “Apesar dessas revelações e de todo o
impacto desse processo, não tivemos respostas institucionais relevantes
por parte do nosso Congresso e por parte do nosso governo'', disse.
“Precisamos ter uma melhora das instituições, e eu, sinceramente, não
vejo isso acontecendo de maneira nenhuma”, prosseguiu Moro. “Do ponto
de vista de iniciativas mais gerais contra a corrupção, existe um
deserto. Parece que a Operação Lava jato, nessa perspectiva, é uma voz
pregando no deserto.''
É nessas horas que a política precisa demonstrar sua utilidade. Ou o
pedaço do Congresso que ainda tem vergonha na cara toma providências ou
potencializará a crença segundo a qual “político é tudo igual”. Essa é
um tipo de crença que envenena a democracia. Se são todos iguais, como
escolher entre votar num ou noutro? Mais um pouco e a plateia estará se
perguntando: pra que votar?