Ato público “Semiárido Vivo, nenhum
direito a menos” pautou, durante toda a manhã em Petrolina (PE) e
Juazeiro (BA), a não diminuição dos recursos para convivência com o
Semiárido
As cidades de Petrolina e Juazeiro foram
tomadas na manhã desta terça-feira (17) por 20 mil pessoas de todos os
estados do Semiárido no ato público “Semiárido Vivo, nenhum direito a
menos!”, realizado por diversas organizações e movimentos sociais em
defesa da continuidade e ampliação das ações de convivência com o
Semiárido e pela urgência na revitalização do Rio São Francisco.
“Nós do Semiárido somos herdeiros dos
lutadores e lutadoras do povo. A fatura da conta da crise não deve ser
paga por nós. O agronegócio deve pagar pela crise. Estamos aqui pra
dizer à sociedade e ao governo que não queremos nenhum direito a menos”,
colocou Yure Paiva, coordenador executivo da Articulação Semiárido
Brasileiro (ASA) pelo estado do Rio Grande do Norte.
A concentração do ato começou por volta
das 6h30 na Concha Acústica de Petrolina, em Pernambuco. Participantes
dos estados do Nordeste e do Norte de Minas Gerais traziam bandeiras,
cartazes e faixas com dizeres que alertam para a não redução de recursos
em programas que contribuíram para a transformação do Semiárido nos
últimos anos, como os programas de cisternas de captação de água de
chuva, Bolsa Família, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Seguro Safra, Bolsa
Estiagem, entre outros. “Estamos dando sequência à luta histórica do
Semiárido. Nós estamos precisando fazer com que a luta seja do campo e
da cidade para reivindicar água e terra. Porque sem água e sem terra o
povo do campo não pode continuar produzindo alimentos saudáveis”, diz
Rafaela Alves, MPA.
Após a concentração, os cerca de 20 mil
participantes seguiram para a cidade vizinha Juazeiro, na Bahia, pela
Ponte Presidente Dutra, que liga os dois estados passando sobre o Rio
São Francisco. "A convivência com o Semiárido não pode existir com o Rio
São Francisco morrendo", alertou Naidison Baptista, coordenador
executivo da ASA pelo estado da Bahia. O ato também cobrou urgência nas
ações de revitalização do Rio São Francisco, que está em situação
preocupante. A barragem de Sobradinho, no Submédio São Francisco, tem
operado com menos de 3% de sua capacidade. Situação agravada por causa
das poucas chuvas, mas também pelo uso excessivo da água pelos projetos
do agronegócio. “Não vamos abrir mão dos direitos conquistados. O atual
modelo de desenvolvimento não possibilita termos soberania sobre nossos
recursos naturais”, colocou Luís Almeida, do Levante Popular da
Juventude.
Para Naidison, da ASA, os trabalhadores e
trabalhadoras do Semiárido não devem ser os atingidos pelo ajuste
fiscal. “Que se tire dinheiro dos bancos, mas não se tire dinheiro do
Semiárido. O governo está dizendo que basta de cisternas, mas temos que
dizer que não basta de cisternas. Queremos que nossos direitos continuem
sendo garantidos”, pontuou Naidison.
O ato foi uma realização da Articulação
Semiárido Brasileiro (ASA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento de
Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude e
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). E
contou com a participação da Marcha Mundial de Mulheres (MMM) e
Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf). Um
documento com as reivindicações será entregue à presidenta Dilma
Rousseff em audiência na Casa Civil.