A Procuradoria-Geral da República incluirá o ex-presidente e senador
Fernando Collor (PTB-AL) na primeira leva de políticos com prerrogativa
de foro denunciados por envolvimento no esquema de desvios da
Petrobras. A expectativa, conforme fontes com acesso às investigações, é
de que a acusação seja encaminhada ainda nesta quinta-feira (20) ao
Supremo Tribunal Federal (STF). O texto final das denúncias estava sendo
preparado nesta quarta (19) pela equipe do procurador-geral, Rodrigo
Janot. A peça deve atribuir a Collor envolvimento em crimes de corrupção
e lavagem de dinheiro. Ele é suspeito de receber ao menos R$ 26 milhões
em propinas, entre 2010 e 2014, no esquema na Petrobras. Desde que foi
incluído no rol de políticos investigados na Operação Lava Jato, Collor
tem travado uma batalha pública contra Janot. As denúncias contra Collor
se baseiam em documentos apreendidos na Lava Jato e em depoimentos de
delatores, entre eles o doleiro Alberto Youssef. Ele relatou ter feito
diversos pagamentos ao senador. Parte dos recursos teria sido entregue,
em espécie, a emissários do congressista ou levada por Rafael Ângulo
Lopez, tido como um dos "carregadores de malas" do doleiro. A Polícia
Federal também encontrou oito comprovantes de transferências bancárias
de Youssef para Collor, totalizando R$ 50 mil. O senador atuaria no
esquema de corrupção na Petrobras viabilizando contratos na BR
Distribuidora, dirigida por indicados seus. Por um dos contratos, de R$
300 milhões, Collor teria recebido R$ 3 milhões de suborno, conforme
Youssef. O negócio teria sido intermediado por Pedro Paulo Leoni Ramos,
empresário que foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos no
governo do ex-presidente (1990-1992). A pessoas próximas, Collor afirma
que a denúncia é esperada. Publicamente, ele nega envolvimento no
esquema e se diz perseguido por Janot.