De O Globo
O
ex-presidente Lula tenta convencer o ex-ministro José Dirceu, preso na
Operação Lava-Jato, a se desfiliar do PT, para tentar diminuir o
desgaste do partido e do governo por eventual condenação do petista pela
corrupção na Petrobras. Apesar do mal-estar no PT com as acusações de
enriquecimento pessoal, Dirceu ainda tem força no partido que ajudou a
fundar. O temor de dirigentes petistas é que eventual processo de
expulsão de Dirceu seja rejeitado pela Comissão de Ética ou pelo
Diretório Nacional, aumentando o desgaste da legenda.
— Se o Zé gosta tanto do PT, por que não ajuda e se desfilia? — disse um petista próximo a Lula.
A
operação para tentar convencer Dirceu a se desfiliar é delicada. Há
preocupação em não melindrá-lo, já que ele foi o homem forte do primeiro
mandato de Lula. Procuradores acusam o ex-ministro de sistematizar a
corrupção na Petrobras quando estava no governo, com o objetivo de
financiar campanhas eleitorais e enriquecer.
No
final do ano passado, o Diretório Nacional do PT aprovou resolução
estabelecendo que expulsará filiados que comprovadamente tenham
praticado corrupção. No dia seguinte à prisão de Dirceu, o presidente do
partido, Rui Falcão, afirmou que as acusações contra ele são de
“caráter pessoal”. A Executiva Nacional do PT decidiu não defender
Dirceu em nota na qual apontou supostos abusos na Operação Lava-Jato.
Petistas
ficaram alarmados com o depoimento em que Luiz Eduardo de Oliveira e
Silva, irmão de Dirceu, afirmou ter recebido mesada de R$ 30 mil do
lobista Milton Pascowitch entre 2012 e 2013.