A presidente Dilma Rousseff confessou, nesta segunda-feira (24), que
não esperava que petistas e pessoas próximas ao partido estivessem
envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. Em entrevista para O
Globo, a gestora disse que foi pega de surpresa com a divulgação das
investigações. Questionada se foi surpreendida, ela reagiu: “Fui! E
lamento profundamente! Posso falar uma coisa. Sou a favor de uma coisa
que o Márcio Thomaz Bastos (ex-ministro da Justiça, morto ano passado)
dizia. Não esperem que sejam as pessoas a fonte da virtude. Tem que ser
as instituições. As instituições é que têm de ter mecanismo de controle.
É muito difícil. Integra a corrupção o fato de ela ser escondida,
clandestina e obscura”. Mesmo com o envolvimento de pessoas próximas,
como o ex-ministro José Dirceu, ela defendeu que ninguém pode
interromper o processo que segue no Judiciário ou a Polícia Federal,
mesmo que a indústria da construção civil e de óleo e gás sejam
afetadas. “Agora, sou a favor, em qualquer circunstância, do direito de
defesa. É isso que torna a democracia forte”, avaliou. Na entrevista,
Dilma buscou minimizar a saída do vice-presidente Michel Temer (PMDB) da
articulação política do governo e agradeceu a lealdade do peemedebista.
“Nós tivemos uma primeira fase da articulação política coordenada pelo
Temer. Qual é o resultado dessa fase? Um sucesso. Conseguimos aprovar as
medidas do reequilíbrio fiscal. E estabelecemos uma relação com o
Congresso. A gente perde e a gente ganha no Congresso. Cada vez que a
gente perde é uma crise? Não é”, defendeu. Ela também negou qualquer
problema com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que
ninguém conseguirá afastá-los, mas se recusou a falar qualquer coisa
sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).
“Prefiro não falar sobre pessoas. Eu estou budista. Hoje sou Dilminha
paz e amor”, se esquivou.