O
pagamento de dinheiro desviado da Petrobras a congressistas do PP
provocava brigas e obedecia a uma espécie de tabela de preços,
proporcional à força política de cada um. A informação foi dada pelo
doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, segundo publicou a Folha
de S. Paulo. De acordo com Youssef, líderes do PP recebiam entre R$ 250
mil e R$ 500 mil por mês, enquanto "demais parlamentares recebiam entre
R$ 10 mil e R$ 150 mil conforme sua força política dentro do partido". O
doleiro era operador do PP na diretoria de Abastecimento, então sob
responsabilidade de Paulo Roberto Costa, e intermediava propina de
empreiteiras ao diretor. Um percentual ia para o PP. O esquema foi
montado pelo ex-deputado José Janene e se manteve após sua morte, em
2010. Segundo Youssef, Janene distribuía os recursos do PP, dando as
maiores quantias aos líderes Mário Negromonte (BA), ex-ministro e hoje
no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia; João Pizolatti (SC) e
Pedro Corrêa (PE), ex-deputados; e Nelson Meurer (PR), deputado. Após a
morte de Janene, Negromonte é apontado por Youssef como novo líder do
grupo. A entrega de dinheiro ao ex-ministro chegou a ser feita em seu
apartamento funcional, em Brasília, e em sua casa, em Salvador. Youssef
disse ainda que quando o grupo de líderes tomou o comando, passou a
sobrar menos dinheiro para os demais. Houve, por isso, rebelião de um
outro grupo, que tomou o comando, formado pelos senadores Ciro Nogueira
(PI) e Benedito Lira (AL) e pelos deputados Arthur Lira (AL), Eduardo da
Fonte (PE) e Aguinaldo Ribeiro (PB), ex-ministro. Presidente do PP e
falando pelo partido, Nogueira afirmou que as declarações de Youssef são
"denúncias irresponsáveis", que jamais ouviu falar em propina e que a
grande maioria dos quadros da sigla foram citados por supostas
irregularidades envolvendo doação de campanha. Os demais parlamentares
não foram localizados pela Folha.