Um
dos 34 parlamentares alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal sob
suspeita de participar do esquema de desvios da Petrobras, o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha, divulgou nota neste domingo (8) em que nega a
acusação do doleiro Alberto Youssef que, em delação premiada, afirmou
que ele teria pressionado fornecedoras da Petrobras para recebimento de
propina e rechaçou a reportagem publicada hoje na imprensa, que afirma
que dois requerimentos da Câmara reforçam as acusações do doleiro contra
Youssef. "Bastava uma simples pesquisa no portal da Câmara para ver
todas as propostas que apresentei, e isso posso provar. Só que ele, o
procurador, não tem como provar. Simplesmente não fiz qualquer
representação e se, por ventura, outros parlamentares fizeram, por que,
então, o procurador não pediu inquérito dos outros parlamentares?",
escreveu o deputado em nota publicada no seu site da internet. Segundo
reportagem do jornal O Globo, após uma suspensão da propina paga pelos
fornecedores, o doleiro afirmou que Eduardo Cunha pediu "a uma Comissão
do Congresso para questionar tudo sobre a empresa Toyo, Mitsui e sobre
Camargo, Samsung e suas relações com a Petrobras, cobrando contratos e
outras questões". Segundo o doleiro, "este pedido à Petrobras foi feito
por intermédio de dois deputados do PMDB". Os deputados que apresentaram
requerimentos, de acordo com a reportagem, foram: Solange Almeida
(PMDB/RJ) e Sérgio Brito (PSD/ BA). Para Cunha, a pesquisa deveria ter
sido feita pelo procurador-geral da República antes do pedido de
abertura do inquérito. "A minha pergunta é a seguinte: se havia
suspeição de que este requerimento fosse para o fim levantado no
depoimento do delator, por que não se abriu inquérito contra estes dois
deputados?", afirmou o presidente da Câmara. Ele diz ainda nas eleições
de 2014 a deputada Solange, que se elegeu prefeita de Rio Bonito, "deu
apoio parcial a uma dobradinha que fiz com o deputado estadual Paulo
Melo, então presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro (Alerj)". "Não se pode confundir eventuais apoios políticos na
eleição de 2014 com requerimento de 2011 da deputada, no exercício
legitimo do seu mandato", afirmou. Cunha diz que a tentativa de ligá-lo
ao requerimento da deputada é "forçar a barra" para criminalizá-lo .
"Querer atribuir a mim a responsabilidade de atos legítimos do exercício
de mandato de cada um é uma tentativa de forçar a barra para a mim
imputar responsabilidade", disse na nota. O presidente da Câmara usa
ainda o pedido de arquivamento das acusações contra o senador Delcídio
Amaral (PT-MS) para reforçar seu entendimento de que o procurador-geral
Rodrigo Janot "escolheu a quem investigar" e diz que o arquivamento
"causa estranheza".