Uma
reaproximação do PSB com o Governo Dilma não está descartada. O
interesse é recíproco. Eleito, o governador Paulo Câmara não quer briga
com a União, para criar as condições de governabilidade diante do quadro
financeiro sombrio que herdará, uma dívida estimada em R$ 8 bilhões.
Dilma,
por sua vez, aproveita a carência dos governadores eleitos para tentar
evitar que o PSB faça oposição sistemática no Congresso. Circulou a
informação de que a presidente teria enviado emissários para atrair dois
governadores socialistas – Câmara, em Pernambuco, e Rodrigo Rollemberg,
no Distrito Federal.
O
Governo quer construir uma maioria sólida para derrotar a candidatura
de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à Presidência da Câmara dos Deputados. Lula
já disse que a presidente vai recorrer à força dos governadores para
enfrentar Cunha, considerado um aliado não confiável.
A
bancada pernambucana elegeu 17 dos 25 federais e Câmara tem ampla
predominância sobre a representação parlamentar da sua base em Brasília.
Dilma sabe disso, mas o apoio fechado da bancada tem um preço, tem uma
compensação, que sairá através de recursos federais.
Paulo
Câmara tem amplos poderes para carrear os 17 votos da sua bancada,
assim como o governador do Distrito Federal. É bom lembrar que um dos
três governadores eleitos pelo PSB, Ricardo Coutinho, da Paraíba, já
está afinado com Dilma, a quem apoiou no segundo turno pelo fato do
adversário ser tucano, o senador Cássio Cunha Lima.
Se
o caldo da eleição na Câmara engrossar, a partir do fortalecimento da
candidatura de Eduardo Cunha, que já está programando cumprir um agendão
pelos Estados, Paulo Câmara, Rodrigo Rollemberg e Ricardo Coutinho
terão uma moeda forte de troca na negociação com o Governo: o voto das
suas bancadas.