terça-feira, 25 de março de 2014

PV volta a defender aborto e maconha




Quatro anos depois de ter como candidata ao Palácio do Planalto a ex-ministra Marina Silva, o Partido Verde (PV) se prepara para levar à campanha presidencial temas polêmicos como a liberação do aborto além das situações permitidas pela atual legislação e a descriminalização do consumo de maconha.
Os dois assuntos foram descartados, no último pleito presidencial, em função da religião da então candidata Marina Silva, que é evangélica.

Esses temas fazem parte dos dez pontos programáticos lançados ontem (24) para discussão interna pelo pré-candidato da legenda, o ex-deputado Eduardo Jorge. Na campanha passada, o partido não só passou longe desses temas como a então candidata se colocou publicamente contrária tanto à descriminalização do aborto como à da maconha.

"Não vamos fazer campanha olhando para 2010", disse Eduardo Jorge. "Questões de orientação sexual, reforma política, reforma tributária e relações com a agricultura não foram bem defendidas em 2010", acrescentou.

Ao contrário de quatro anos atrás, o partido afirma que não utilizará no programa de governo a "cláusula de consciência", dispositivo incluído no documento de 2010 como solução para abrigar a candidatura de Marina Silva, que se desfiliou em 2011. Isso porque, segundo integrantes da sigla, a defesa do aborto e da maconha sempre foi uma bandeira da legenda, mas isso acabou sendo "temporariamente" revistas para a ex-ministra evangélica se lançar candidata pela sigla.

"Essas questões são responsáveis pelo sofrimento de milhares e milhares de famílias. Vamos dar a elas uma opção, a forma de melhor apoiar os brasileiros que se defrontam com esses problemas", explicou Eduardo Jorge.
O ex-deputado reconhece que, entre os eleitores que votaram na candidata do Partido Verde em 2010, havia conservadores que foram atraídos pelas convicções pessoais e religiosas de Marina. Afastar a sigla desse eleitorado, garantiu o pré-candidato, não é problema, mas solução. "Ali estavam os descontentes com o PT, o PSDB, a administração Lula/Dilma, ecologistas, religiosos, evangélicos e mesmo conservadores atraídos pela candidata. Não nos interessa se vamos perder ou ganhar votos ao abordar questões tão importantes [como aborto e a maconha]. Não vamos fugir delas."

Alternativa - Com o debate sobre aborto e uso de maconha, o Partido Verde acredita que será a "novidade da eleição". De acordo com Eduardo Jorge, a legenda pode vir a ser o contraponto às propostas das principais candidaturas presidenciais.

"O PV é uma corrente política que encarna novidades como a cultura de paz e o desenvolvimento sustentável. Faz críticas tanto ao capitalismo quanto ao socialismo. Ambos, desprezando os limites ambientais, colocaram a humanidade no século 21 diante de uma crise econômica, social e ambiental sem precedentes."