Entre agosto
deste ano e abril do ano que vem, estarão fora da cadeia os integrantes
do núcleo político do processo do mensalão: José Genoíno, João Paulo
Cunha, Delúbio Soares e José Dirceu. Sem esquecer Roberto Jefferson.
Não
deixa de ser frustrante, apesar de não se desejar mal a ninguém,
verificar que os principais ex-líderes e dirigentes do PT conseguiram
tirar de letra as condenações uma vez aplaudidas pelo país inteiro.
Terão direito a prisão aberta, ou seja, a cumprir suas sentenças em
casa, podendo transitar pelas ruas durante o dia, obrigados a dormir à
noite em seus domicílios.
Quando
condenados, ano passado, imaginou-se que permaneceriam enjaulados por
muitos anos, mas dois fatores conjugaram-se para desfazer a impressão: a
mudança na composição do plenário do Supremo Tribunal Federal e as
facilidades das leis penais.
O
resultado é a prevalência daquele clássico mote popular, de que cadeia,
no Brasil, vale apenas para os ladrões de galinha. Ficou óbvia a
tendência dos novos ministros recém-nomeados, junto com outros, mais
antigos, de abrandar as penas dos réus. Não se cometerá a injustiça de
supor que cumpriam recomendações do governo, que os indicou. Nos
alfarrábios do Direito é sempre possível encontrar argumentos em favor
ou contra qualquer causa. Torna-se difícil e perigoso julgar os juízes.
Mas antes pronunciaram-se num sentido. Depois, em outro obviamente
oposto.
Mesmo
tendo fechado a torneira de sua indignação, o presidente Joaquim
Barbosa fica devendo um depoimento. Talvez deixe a obrigação para suas
memórias. Quem sabe desabafe antes, sem que o desabafo interfira em sua
decisão de iniciar carreira política. A verdade é que continua saudado,
respeitado e aplaudido por onde quer que passe. Dependesse apenas dele e
os mensaleiros permaneceriam por longa temporada como hóspedes do
sistema penitenciário. (Carlos Chagas)