O número de famílias
endividadas cresceu em média 7,5% no ano passado, segundo a Pesquisa
Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do
Comércio (CNC), divulgada anteontem. O fato mais importante é que a
inadimplência se estabilizou - e isso sugere que há algum espaço para o aumento
de compras, neste ano, a menos que as pressões inflacionárias recrudesçam a
ponto de afetar o poder aquisitivo das famílias e restrinjam a decisão de
consumir. Isso é mais do que mera hipótese.
Nos últimos três anos, o
número de famílias endividadas não mudou substancialmente. Eram 9,09 milhões de
famílias com dívidas em 2011, número que caiu para 8,47 milhões, em 2012, e
voltou a subir para 9,10 milhões, no ano passado. Já o número de famílias com
contas em atraso declinou 19,2%, em três anos, passando de 3,76 milhões, em
2010, para 3,39 milhões, em 2011, chegando a 3,039 milhões, em 2012, e se
estabilizando em 3,04 milhões em 2013.
Mais expressivo foi o
ritmo anual de queda do número de famílias sem condições de pagar as dívidas em
atraso: 10,6%, em 2011; 11,9%, em 2012; e 1,6%, no ano passado. Os
consumidores, portanto, dão sinais de que adotam uma postura bem mais
conservadora com relação ao endividamento.
A qualidade do endividamento
é pouco saudável: 75,2% admitiram dívidas no cheque especial; 18,7% em carnês;
e 10,5% em crédito pessoal. São modalidades com custos elevados. A parcela da
renda comprometida com dívidas teve leve queda, de 30%, em 2012, para 29,4%, no
ano passado. E caiu o porcentual dos que se consideram muito endividados, de
13% para 12,4%.
Mas os entrevistados
estão tomando mais crédito consignado, financiando autos e a casa própria.
Neste caso, são dívidas com custos módicos. Há, portanto, uma tendência de
mudança do perfil das dívidas, o que explica a estabilização da inadimplência,
segundo a CNC.
A pesquisa separa as
famílias com renda superior e inferior a dez salários mínimos. Estas,
proporcionalmente, têm atrasos muito superiores aos daquelas com maior renda,
além de menor capacidade de pagamento de dívidas em atraso. Ou seja, o problema
do endividamento é mais grave nas famílias de renda média ou baixa.
Parece óbvio, mas é um
fato relevante num ano de eleições, em que os fatores econômicos têm grande importância
nas decisões de escolha dos representantes.
O Estado de S.Paulo
Postado por: Valterlino Pimentel ( Pinguim )
Ilustração: Google