O secretário estadual de Promoção da Igualdade Racial, Elias Sampaio, disse ao Bahia Notícias que atitudes como a da mulher acusada de injúria racista por ter chamado de "negrinho metido a besta" um médico do Samu, em Juazeiro,
“desumanizam” o alvo da ofensa e podem ter um efeito "devastador". Ele
argumenta que ao se referir de forma pejorativa a uma característica
“intrínseca à pessoa”, como a etnia, os autores de atos racistas
destituem o destinatário da ofensa da condição de ser humano. Procurado
pelo BN, o titular da Sepromi defendeu a tese de que desqualificar
alguém por questões de natureza "étnica, cultural ou religiosa" é “um
crime hediondo”. A professora detida em Juazeiro foi liberada após
pagamento de fiança no valor de R$ 622 (um salário mínimo). Questionado
sobre o assunto, Elias Sampaio disse que “o problema é o Código Penal”,
ao se referir ao fato de que a lei tipifica de modo diferente atitudes
racistas, de acordo com sua gradação. “Racismo stricto sensu é
quando você impede uma pessoa de ter acesso a algo, como um emprego, por
causa da etnia”, explica o secretário. Ele ressaltou ainda a
importância de a sociedade eliminar o uso de palavras e expressões de
cunho racista, ao citar como exemplo “samba do crioulo doido”. “Qual o
ganho qualitativo que uma expressão dessas traz a um discurso? Por que
não dizer, simplesmente, que foi desorganizado?”, questiona. O
secretário disse que é a favor de iniciativas como a do governo federal,
que distribuiu, em 2005, a cartilha Politicamente Correto &
Direitos Humanos. O livro apontava e sugeria substitutivos para termos
considerados politicamente incorretos. “Sou a favor no sentido
pedagógico e não coercitivo”, esclareceu Elias Sampaio, ao ser
confrontado com o fato de que, à época, a imprensa e alguns
intelectuais, a exemplo do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro,
repudiaram fortemente o manual.