sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Mãe lamenta morte de jovem que ficou um mês em coma no HUT: “Eles me mataram também”


“Eles não assassinaram só meu filho, assassinaram a mim também”. As palavras são da comunitária Maria de Lourdes Paulo, após saber da morte de seu filho, Daniel Paulo da Silva, 19 anos (foto), ocorrida no final da manhã de hoje (06) no Hospital de Urgências e Traumas (HUT) em Petrolina, após um mês em coma. Transtornada com a notícia, ela precisou ser contida por alguns familiares que a acompanhavam.
O desespero de Maria de Lourdes se justifica. No último dia 02 de dezembro, o filho dela deu entrada no HUT depois de sofrer um acidente de motocicleta. O jovem tinha fraturado o antebraço, mas segundo a comunitária, a fratura não foi exposta.
Mesmo assim, recebeu a informação do hospital que Daniel seria internado para passar por uma cirurgia. Durante os quatro dias de dezembro em que ficou no HUT (de 02 a 06), os familiares de Daniel chegaram a denunciar as condições do hospital, revelando inclusive que receberam de um funcionário uma raquete para matar moscas dentro da UTI, onde Daniel se encontrava.
Até o dia 06 de dezembro Maria de Lourdes garante que seu filho estava lúcido. Ele teria chegado até a registrar algumas fotos dele próprio, através do seu telefone celular. Mas o suplício da família começou nesse dia, quando o jovem entrou em coma após ser anestesiado para a cirurgia.
Negligência
A comunitária acusa o médico anestesista, Paulo Mariano, de ter sido negligente. “Ele me disse, no corredor do hospital, que não sabia o que tinha acontecido com meu filho. Mas ele sabe”, desabafou. Ela revelou ainda à reportagem que o anestesista tinha conhecimento de que a pressão arterial do paciente, no dia da cirurgia, estava alta (10 po16). Mesmo assim decidiu anestesiá-lo.
Segundo Maria de Lourdes, o cirurgião responsável – Dr.Ronald – viu-se obrigado a fazer o procedimento porque Daniel já tinha sido encaminhado para a mesa cirúrgica. Revoltada, a mãe do garoto põe a culpa no anestesista. “Ele me disse que não consegue colocar a cabeça no travesseiro para dormir, e quando um médico afirma uma coisa dessas é porque tem culpa. Mas o erro foi só de Paulo Mariano, ele errou na anestesia e sabe que errou”, disse a comunitária.
Vilmael Paulo da Silva, outro filho de Maria Lourdes, já adiantou que a família vai levar às últimas consequências o caso à justiça. Ele lamenta que, mesmo após a morte do seu irmão, o HUT não dê um posicionamento claro sobre o ocorrido. Nenhum médico, no final da manhã, estava na unidade para comentar o assunto, mas a assessoria de comunicação do HUT garantiu que a diretoria deve se pronunciar, em breve.