quinta-feira, 26 de abril de 2018

Flagrado carregando mala, Loures diz não saber que levava R$ 500 mil


Flagrado carregando mala, Loures diz não saber que levava R$ 500 mil
Loures recebeu mala de executivo da J&F | Foto: Reprodução/ GloboNews
O ex-assessor do presidente Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, preso em junho do ano passado pela Polícia Federal após ter sido filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, afirmou à Justiça Federal que não sabia o conteúdo dela e disse desconhecer “quaisquer acertos, pagamentos e condições” relacionadas ao caso. Loures, que recebeu a mala de Ricardo Saud, ex-executivo do grupo J&F, foi apontado em denúncia do Ministério Público Federal (MPF) como emissário de Temer. Em uma petição entregue à Justiça, obtida pelo jornal O Globo, Loures não explica por que correu com a mala, não diz por que devolveu os R$ 500 mil recebidos, não explica o porquê de estarem faltando R$ 35 mil, tampouco entra em detalhes sobre o assunto. "É impossível demonstrar qualquer liame subjetivo porque tal vínculo nunca existiu, pois Rodrigo Rocha Loures desconhecia quaisquer acertos, pagamentos ou condições, (...) tendo recebido a mala de Ricardo Saud sem saber qual era seu conteúdo", diz a peça de defesa de Loures. No entanto, a versão dele é colocada em xeque quando é comparada com as gravações feitas pela Polícia Federal na Operação Patmos. Em uma das conversas gravadas por Saud antes de se encontrar com Rocha Loures em uma pizzaria no dia 28 de abril para entregar a mala de dinheiro, o delator afirma: “Você por ter nos ajudado já tem quinhentos mil guardadinho. Tá guardado comigo em casa e eu não quero ficar”. Segundo a transcrição da PF, Loures respondeu: “Tá”. Ainda segundo a publicação, a petição foi protocolada na ação penal à qual Loures responde na Justiça Federal de Brasília, após desmembramento determinado pelo STF. Na peça, Rocha Loures defende Temer, afirmando que não houve comprovação de que a mala seria para o peemedebista. "O simples fato de Rodrigo ter exercido a posição de assessoria do presidente não caracteriza concretamente o acerto de vontades para o cometimento de ilícitos. Afinal, a presidência da República conta com diversos assessores, sendo pouco razoável presumir que, ao exercer um cargo próximo ao chefe do Executivo, esses profissionais estão automaticamente anuindo com toda e qualquer ação do presidente da República", diz a defesa. Os advogados de Loures também pediram ao juiz que sejam anuladas as provas da Operação Patmos, argumentando que as interceptações telefônicas e a ação controlada foram ilegais, e que Loures seja absolvido sumariamente.