Josias de Souza
Com a prisão do deputado João Rodrigues,
nesta quinta-feira, subiu para três o número de integrantes da bancada
presidiária do Congresso. O novo preso junta-se aos detentos Paulo Maluf
e Celso Jacob. Os três têm algo em comum além do status carcerário.
Embora julgados e condenados pelo Supremo Tribunal Federal, eles
continuam sendo deputados federais. Avalia-se que na Câmara que a
cassação não é automática. Precisa passar por uma votação no plenário.
O
Brasil, nesta sua fase cleptocrata, já assistiu a esse filme. Em agosto
de 2013, os deputados votaram a cassação de um colega condenado a 13
anos de cadeia, Natan Donadon. E o mandato foi mantido. Terminada a
sessão, o preso foi algemado, enfiado num camburão e voltou para o
xadrez ostentando o título de deputado. O mandato dele só seria passado
na lâmina depois de cinco meses, numa segunda votação.
Até
outro dia, o preso Celson Jacob dava expediente na Câmara, voltando
para a cadeia à noite. A mamata acabou porque ele foi flagrado tentando
entrar no presídio carregando queijos e biscoitos na cueca. O
neopresidiário João Rodrigues já avisou que reivindicará o direito de
continuar exercendo o mandato durante o dia.
Se
o Brasil fosse um país lógico, congressista condenado à prisão seria
cassado automaticamente. Mas num Congresso repleto de suspeitos, os
parlamentares sempre retardarão ao máximo os enforcamentos. O instinto
de sobrevivência os leva a se proteger da corda. Que se dane o interesse
público.