Walter Nunes - Folha de S.Paulo
O
procurador da República Roberto Farah Torres, do Ministério Público
Federal em Santos, enviou na última sexta-feira (19) um ofício ao
superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Disney Rosseti,
solicitando informações sobre os critérios que serão adotados para a
substituição no comando da Delegacia da PF na cidade litorânea, uma das
maiores do país.
O
porto de Santos é área tradicional de influência do presidente Michel
Temer. Ele é investigado pelo suposto favorecimento da operadora de
terminais Rodrimar, por meio da edição do Decreto dos Portos. Em troca,
haveria pagamento de propina. O negócio teria sido intermediado pelo
ex-assessor da Presidência, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o mesmo
filmado com uma mala com R$ 500 mil de propina da JBS.
O
pedido de explicações ao chefe da PF paulista é segundo passo de um
inquérito civil aberto no dia 15 de janeiro pelo procurador-geral da
República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, que apura os motivos da
substituição. O Ministério Público tem entre as suas atribuições o
controle externo da atividade policial.
Em dezembro, a direção da Polícia Federal retirou da chefia santista o delegado Júlio César Baida Filho, transferido para o Rio de Janeiro. Seu substituto ainda não foi definido. A Folha apurou que a mudança ocorre no momento em que avançam investigações sobre um esquema de corrupção no porto de Santos.
O
favorito a assumir a chefia da delegacia santista é o delegado José
Roberto Sagrado Da Hora. Servidores de órgãos envolvidos nas
investigações no porto de Santos protestaram, alegando que a indicação
de Da Hora agradaria a políticos ligados ao presidente Michel Temer. A
nomeação, então, não aconteceu. O
procurador-geral da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre,
demonstrou preocupação com a mudança. "A atual chefia realiza um
trabalho sério, primoroso e não conhecemos as razões para que esse
brilhante trabalho seja interrompido."