Como
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, arquitetou a divulgação, por meio
do site oficial da Casa, dos depoimentos em vídeo de Lúcio Funaro, o
que está por trás do gesto político arrojado e o que ele ainda prepara
para tentar amealhar ainda mais poder
ISTOÉ – Otávio Costa
Por
mais que tente negar as aparências e disfarçar as evidências, o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não consegue esconder: primeiro nome
na linha de sucessão, ele foi mordido pela mosca azul – aquela que,
segundo reza o anedotário político, inocula em seu alvo o veneno do
desejo irrefreável de alcançar a Presidência, ilusão que acaba
comprometendo sua sanidade e seu senso de realidade.
Para
tanto, Maia passou a jogar com a possibilidade de o presidente Michel
Temer ser derrotado no plenário da Câmara na votação da segunda denúncia
nesta quarta-feira 25. A hipótese é remota. Seriam necessários 342
votos contra Temer. Mas, se isso acontecer, Maia assumiria a Presidência
da República. O que, segundo ele, é um sonho de todo político. “Quem
está na política e não pensa em presidir o Brasil está no lugar errado”,
afirma. Não, necessariamente. Mas, entre outras épocas, vale lembrar,
muita gente também sonhava em ser Napoleão.
Foi
movido por esse espírito que Maia saiu a campo a fim de tentar sabotar o
governo. A palavra sabotagem vem do francês sabot, que significa
‘tamanco’. Surgiu quando trabalhadoras revoltadas, durante a revolução
industrial, jogavam seus tamancos nas máquinas a fim de paralisá-las. Na
sabotagem de Maia deu-se o inverso.
Ele
fez a máquina andar. Mais precisamente tornou público, por meio do site
oficial da Câmara, os vídeos da delação premiada de Lúcio Funaro, em
que o doleiro faz graves acusações a Michel Temer. Tratou-se de um gesto
estritamente pessoal: conforme apurou ISTOÉ foi o próprio Maia, na
noite de sexta-feira 29 de setembro, quem pediu a um servidor da
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara que disponibilizasse os
depoimentos de Funaro. Coube ao funcionário entrar em contato com os
responsáveis pelo site da Câmara. Eram 19h30 quando Maia emitiu a ordem.
Uma hora depois estava tudo pronto para o conteúdo bombástico entrar no
ar. Maia acompanhou tudo de perto. Só descansou depois que o “enter”
foi pressionado.
Os
ofícios do Supremo Tribunal Federal com arquivos digitais anexos e que
continham mais de um terabyte de informações chegaram à Câmara dos
Deputados no dia 21 de setembro. Entre os dias 22 e 28 de setembro, o
presidente da Câmara consultou aliados, entre eles o deputado José
Carlos Aleluia (DEM-BA) em pelo menos duas reuniões na residência
oficial. Nos encontros, avaliou os riscos da exposição. Pesados pós e
contras, mandou “tocar adiante”.
“Maia sabia dos riscos o tempo todo. E, óbvio, agiu de modo a constranger o governo”, afirmou uma
Leia a reportagem completa clicando aí ao lado; A sabotagem de Maia - ISTOÉ Independente