Folha de S.Paulo
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Dois
ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) que vão analisar a
legalidade de empréstimos de mais de R$ 10 bilhões ao grupo J&F
passaram um fim de semana na ilha de Joesley Batista, em Angra dos Reis,
no litoral sul do Rio de Janeiro. Os ministros são Vital do Rêgo e
Bruno Dantas. A informação sobre a viagem que fizeram à mansão de
Joesley é da revista "Veja" que começou a circular neste sábado (21).
Na delação da JBS,
que faz parte do grupo J&F, Vital do Rêgo é citado como
beneficiário de uma propina de R$ 8 milhões. Ele também aparece na
delação de Delcídio do Amaral, da Andrade Gutierrez, Odebrecht e UTC
como recebedor de suborno.
A
viagem à ilha de Joesley ocorreu em junho de 2016, quando o Tribunal de
Contas já considerava suspeitos os empréstimos do BNDES ao grupo
J&F. Em uma das operações, o TCU apontou um prejuízo de R$ 300
milhões para os cofres públicos.
O
BNDES não fez só empréstimos às empresas de Joesley. O banco público
também comprou ações do grupo, ou seja, é sócio dos irmãos Batista.
Os
dois ministros viajaram com suas mulheres e passaram o fim de semana
entre a mansão e o iate de Joesley, uma embarcação de 30 metros de
comprimento, três andares e quatro quartos.
Em
resposta à reportagem, o ministro Dantas negou que tenha beneficiado o
grupo J&F nos julgamentos do TCU. Ele frisou que votou a favor do
prosseguimento de uma apuração sobre as empresas do grupo J&F.
Vital do Rêgo não quis se manifestar.
Ele
é alvo de dois inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal. O
primeiro, de junho de 2016, apura a suspeita de que a UTC subornou o
Vital do Rêgo quando ele era senador pelo PMDB da Paraíba e presidia a
CPMI da Petrobras, de 2014. Segundo delatores, Vital do Rêgo cobrava
propina para não convocar empreiteiros.
O
outro inquérito é de abril deste ano e foi aberto a partir do relato da
Odebrecht, de que pagou R$ 350 mil a Vital do Rêgo por determinação do
ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que foi indicado ao cargo
pelo partido do ex-senador, o PMDB.