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O “meia” (leia-se candidato a governador) Rui Costa (PT), era
batizado de “Flamengo” (PT) e valia “2.000”, conforma a planilha
entregue à Operação Lava Jato. O documento não especifica a unidade de
valor apontado.
Seu adversário, o “meia” Paulo Souto (DEM), era “Fluminense” e valia
“29 mil” naquele campeonato. Mas a Odebrecht bateu na trave, pois
Flamengo ‘bateu’ o Fluminense.
A engenhoca clandestina da empreiteira servia para driblar não apenas
a legislação, mas também os próprios candidatos. Em seus depoimentos,
vários delatores da Odebrecht afirmaram aos procuradores que o caixa
dois também era útil para evitar a ciumeira.
“Nós tomávamos o cuidado de não dar muito para um partido em
detrimento de outro de forma lícita. Se um partido tinha direito a um
valor maior, ia de forma ilícita”, disse Luiz Eduardo da Rocha Soares,
gestor entre outras da planilha futebolística.
Ele disse que controlava tanto os pagamentos lícitos, que saíam da
tesouraria corporativa da empresa, como os ilícitos, para os quais era
acionado o Setor de Operações Estruturadas, vulgo departamento de
propina.
Segundo Soares, as planilhas misturavam caixa um e caixa dois.
Primeiro eram determinados os valores cabíveis a cada candidato. “A
decisão se era lícita ou não era posterior”, afirmou.
“Nós não gostávamos de fazer muitos pagamentos lícitos, porque
chamava muita atenção. Se a gente fosse pagar tudo de forma lícita daria
US$ 100 milhões de doação eleitoral da Odebrecht.”
Vistas do ponto de vista sociológico, as planilhas da Odebrecht
mostram que a cultura militar do Brasil com o tempo vai ficando para
trás. De acordo com a delação de Soares, inicialmente os candidatos eram
classificados seguindo a hierarquia do Exército. “Capitão era
presidente, tenente era governador, sargento era deputado federal e
cabo, estadual.”
Fonte: BocãoNews
