Tesoureiro do partido e citado na Lava Jato, novo presidente do Senado tem patrimônio de quase 100 milhões de reais e é o segundo mais rico na Casa
Eleito presidente do Senado nesta quarta-feira com 61 votos entre os 81 senadores, Eunício Lopes de Oliveira (PMDB-CE),
64 anos, é empresário e pecuarista e está no primeiro mandato na Casa.
Filho de um ex-vereador de Lavras de Mangabeira (CE), cidade onde
nasceu, o peemedebista exerceu três mandatos de deputado federal e foi
ministro da Comunicação no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, entre 2004 e 2005, antes de chegar ao Senado, em 2011.
Eunício tinha 20 anos quando se filiou ao Movimento Democrático
Brasileiro (MDB), rebatizado como PMDB em 1979, e atualmente é
tesoureiro da sigla. Antes mesmo de chegar à cadeira de presidente do
Congresso, o “Índio”, como foi apelidado nas planilhas de distribuição
de propinas e caixa dois da empreiteira Odebrecht, já figurava entre os
caciques do partido, ao lado de José Sarney, Renan Calheiros e Romero
Jucá.
Dono de um patrimônio de 99 milhões de reais, conforme ele próprio
declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2014,
quando foi derrotado na disputa pelo governo do Ceará, o novo presidente
do Senado é o segundo parlamentar mais rico da Casa. Eunício só não é
mais abastado que o também cearense Tasso Jereissati (PSDB), cujo
patrimônio declarado ao TSE é de 389 milhões de reais.
Dividida entre fazendas em Goiás, empresas e imóveis, como um duplex
avaliado em 4,3 milhões de reais na Asa Norte, em Brasília, a fortuna do
sucessor de Renan Calheiros (PMDB) passou por um crescimento de 169% em
quatro anos. Quando foi eleito senador, em 2010, o patrimônio declarado
por Eunício à Justiça Eleitoral era de 36,7 milhões de reais.
Parte da espetacular prosperidade de Eunício Oliveira é explicada por
contratos milionários de duas de suas empresas, a Confederal e a
Corpvs, com a União. Prestadoras de serviços de segurança e limpeza, as
companhias integram a holding Remmo Participações, da qual Eunício
declarou ser dono de 99% das ações em 2014.
Entre 2011, quando chegou ao Senado, e 2019, quando seu mandato
termina, a Confederal e a Corpvs terão recebido 362,1 milhões de reais
de órgãos ligados aos ministérios da Saúde, Agricultura, Fazenda,
Educação, Transportes, entre outros, além de bancos públicos, como a
Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
Também pertenceu a Eunício a Manchester Serviços Ltda, empresa de
apoio administrativo, logístico e de suprimentos que, conforme revelou o
jornal O Globo em 2015, obteve contratos de 1 bilhão de reais
com a Petrobras entre 2007 e 2011, enquanto o peemedebista era dono de
50% das ações. No final de 2011, o senador vendeu por 4 milhões de reais
sua parcela na Manchester aos outros sócios.