quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Eunício: milionário, cacique do PMDB e ‘Índio’ da Odebrecht


Tesoureiro do partido e citado na Lava Jato, novo presidente do Senado tem patrimônio de quase 100 milhões de reais e é o segundo mais rico na Casa


Eleito presidente do Senado nesta quarta-feira com 61 votos entre os 81 senadores, Eunício Lopes de Oliveira (PMDB-CE), 64 anos, é empresário e pecuarista e está no primeiro mandato na Casa. Filho de um ex-vereador de Lavras de Mangabeira (CE), cidade onde nasceu, o peemedebista exerceu três mandatos de deputado federal e foi ministro da Comunicação no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2004 e 2005, antes de chegar ao Senado, em 2011.
Eunício tinha 20 anos quando se filiou ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), rebatizado como PMDB em 1979, e atualmente é tesoureiro da sigla. Antes mesmo de chegar à cadeira de presidente do Congresso, o “Índio”, como foi apelidado nas planilhas de distribuição de propinas e caixa dois da empreiteira Odebrecht, já figurava entre os caciques do partido, ao lado de José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá.
Dono de um patrimônio de 99 milhões de reais, conforme ele próprio declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2014, quando foi derrotado na disputa pelo governo do Ceará, o novo presidente do Senado é o segundo parlamentar mais rico da Casa. Eunício só não é mais abastado que o também cearense Tasso Jereissati (PSDB), cujo patrimônio declarado ao TSE é de 389 milhões de reais.
Dividida entre fazendas em Goiás, empresas e imóveis, como um duplex avaliado em 4,3 milhões de reais na Asa Norte, em Brasília, a fortuna do sucessor de Renan Calheiros (PMDB) passou por um crescimento de 169% em quatro anos. Quando foi eleito senador, em 2010, o patrimônio declarado por Eunício à Justiça Eleitoral era de 36,7 milhões de reais.
Parte da espetacular prosperidade de Eunício Oliveira é explicada por contratos milionários de duas de suas empresas, a Confederal e a Corpvs, com a União. Prestadoras de serviços de segurança e limpeza, as companhias integram a holding Remmo Participações, da qual Eunício declarou ser dono de 99% das ações em 2014.
Entre 2011, quando chegou ao Senado, e 2019, quando seu mandato termina, a Confederal e a Corpvs terão recebido 362,1 milhões de reais de órgãos ligados aos ministérios da Saúde, Agricultura, Fazenda, Educação, Transportes, entre outros, além de bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
Também pertenceu a Eunício a Manchester Serviços Ltda, empresa de apoio administrativo, logístico e de suprimentos que, conforme revelou o jornal O Globo em 2015, obteve contratos de 1 bilhão de reais com a Petrobras entre 2007 e 2011, enquanto o peemedebista era dono de 50% das ações. No final de 2011, o senador vendeu por 4 milhões de reais sua parcela na Manchester aos outros sócios.