A delação premiada do cerca de 80 executivos da Odebrecht deverá
atingir pelo menos 130 polítcos, entre deputados, senadores, ministros e
ex-ministros. Fontes ligadas ao jornal O Globo afirmaram que o
presidente Michel Temer (PMDB) e os ministros JHosé Serra (Relações
Exteriores), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha
(Casa Civil) estariam entre os citados. Os nove meses de negociações da
delação dos executivos deverão render ainda citações ao ex-presidente
Lula, ao senador aécio Neves (PSDB-MG), dos governadores Geraldo Alckmin
(PSDB, São Paulo), Fernando Pimentel (PT, Minas Gerais) e Luiz Fernando
Pezão (PMDB, Rio de Janeiro). Pagamentos supostamente ilegais para as
campanhas da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também são mencionados,
assim como acusações para os ex-ministros Antoio Palocci e Guido
Mantega, ambos titulares da Fazenda nos governos Lula e Dilma. Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) e Sérgio Cabral, ambos presos, também forma alvo de
denúncia da Odebrecht. Por exigência do procurador-geral Rodrigo Janot e
de outros investigadores, todos os delatores tiveram que apresentar
documentos para comprovar as fraudes e a movimentação do dinheiro
desviado dos contratos com a Petrobras e outros setores da administração
pública. Estão entre eles cópias de e-mails em que são tratadas obras
irregulares e pagamento de propinas, extratos bancários e arquivos do
Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht - criada para facilitar o
pagamento de propina. Os acordos firmados preveem prisão de dez anos
para Marcelo Odebrecht, sendo dois anos e meio em regime fechado e o
restante em semiaberto, com progressão para prisão domiciliar. Como está
preso desde junho de 2015, Odebrecht mudará de regime em dezembro de
2017. Os demais delatores cumprirão prisão domiciliar, inclusive Emílio
Odebrecht, pai de Marcelo. Os investigados deverão ser ouvidos em
Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Em nota, a
Odebrecht disse que não se manifestará sobre o caso.