O
chanceler brasileiro, José Serra (PSDB-SP), foi recebido por
manifestantes com bolinhas de papel jornal ao chegar na embaixada
brasileira, na noite deste domingo, 22, em sua primeira viagem oficial
no comando do Itamaraty. Os participantes do protesto em Buenos Aires
contra o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff
lembravam um episódio da campanha presidencial de 2010, quando em
outubro o candidato tucano relatou uma agressão após ser atingido por um
papel na cabeça durante uma caminhada no Rio.
Os
manifestantes contrários ao impeachment não conseguiram ver nitidamente
Serra em sua chegada à embaixada, por volta das 20 horas. Três carros
oficiais com vidro escuro entraram no edifício por portões diferentes.
Os ativistas se dividiram e arremessaram os papéis contra todos os
veículos. Eles chamaram o ministro de golpista e colaram na região
cartazes com o rosto dele sobre a inscrição "procurado". "Também não
aceitamos o rápido reconhecimento dado pelo governo argentino a Michel
Temer", disse uma das organizadoras do ato, a tradutora Isabela Gaia.
Às
21 horas, sob 13ºC, o grupo formado por jovens apagou o megafone com
que pedia a destituição de Temer, guardou pandeiros e chocalhos e
recolheu as bolinhas do chão, feitas com folhas do jornal Le Monde
Diplomatique, em sua versão em espanhol. Elas foram jogadas também
contra o muro da embaixada, na qual Serra se hospedará. Os manifestantes
se dispersaram sob vigilância de 20 policiais federais e prometeram
seguir o ministro com uma mobilização maior nesta segunda-feira, 23.
Eles pretendiam ter o reforço do grupo kirchnerista La Cámpora e outros
movimentos peronistas opositores a Macri.
Serra será recebido de manhã pela chanceler Susana Malcorra, na sede da diplomacia argentina, o Palácio San Martín