sábado, 28 de maio de 2016

Corrêa põe Lula na linha de frente da corrupção



Ex-deputado negocia acordo de delação premiada há um ano
Pernambucano afirma que o ex-presidente discutia pessoalmente o esquema da Petrobras
Folhapress
O ex-deputado e ex-presidente do PP Pedro Corrêa, preso em Curitiba (PR) pela Operação Lava-Jato, afirmou, em documentos que integram seu acordo de delação premiada, que o ex-presidente Lula discutia pessoalmente o esquema de corrupção da Petrobras. Ele também citou vários deputados, senadores, ministros, ex-ministros e ex-governadores envolvidos em esquemas de corrupção, além de ter confessado que recebeu dinheiro desviado de mais de 20 órgãos ligados ao governo nas últimas três décadas. As informações foram publicadas ontem pela revista Veja.
Segundo a publicação, Corrêa relatou que parlamentares do PP se rebelaram com o avanço do PMDB nos contratos da diretoria de abastecimento quando a área era dirigida por Paulo Roberto Costa. Um grupo teria ido ao Palácio do Planalto na época que o petista era presidente para reclamar da “invasão”. De acordo com Corrêa,
Lula passou uma descompostura nos deputados dizendo que eles “estavam com as burras cheias de dinheiro” e que a diretoria era “muito grande” e tinha que “atender os outros aliados”, pois o orçamento era muito grande. Segundo a publicação, os caciques do PP se conformaram quando Lula lhes garantiu que a maior parte das comissões seriam dirigidas para a sigla.
A revista também diz que, confirme o relato de Corrêa, Lula ordenou que os partidos se entendessem. O ex-deputado, representando os interesses do PP, reuniu-se com a alta cúpula do PMDB para tratar da partilha. O senador Renan Calheiros (AL) é apontado como um dos primeiros a ser procurado para acertar “o melhor entendimento na arrecadação”.
O ex-deputado também diz que o ex-ministro e senador Edison Lobão (MA) teve participação nos contratos com empreiteiras e atribui ao atual secretário de governo, Geddel Vieira Lima (BA), a indicação do senador cassado Delcídio do Amaral, na época do PT, para ocupar uma diretoria da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso. No relato, ele afirma que Delcídio cobrava propina de empresas com negócios na diretoria que comandava e repassava parte do dinheiro para o PMDB e PP.
A revista relata a atuação de Lula quando foi presidente para nomear Costa, indicado do PP, para diretor da Petrobras. “Mas Lula, eu entendo a posição do conselho. Não é da tradição da Petrobras, assim, sem mais nem menos trocar um diretor”, disse Dutra, na época presidente da estatal. Lula respondeu, segundo Corrêa: “Se fôssemos pensar em tradição nem você era presidente da Petrobras e nem eu era presidente da República”.
Segundo a revista, o ex-deputado diz que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-ministro Alexandre Padilha (PT-SP), o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM), o ex-ministro José Dirceu, o deputado José Guimarães (PT-CE) se beneficiaram de propina.
Corrêa cita outros políticos que, segundo ele, tinham conhecimento de pagamento de propina ou envolvimento em atos ilícitos como Aldo Rebelo (PCdoB/SP), o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT/SP), o ministro do TCU Augusto Nardes, o ex-ministro Jaques Wagner (PT/BA), o deputado Paulo Maluf (PP/SP), a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB/MA) e o senador Valdir Raupp (PMDB/RO).