Ex-deputado negocia acordo de delação premiada há um ano
Pernambucano afirma que o ex-presidente discutia pessoalmente o esquema da Petrobras
Folhapress
O
ex-deputado e ex-presidente do PP Pedro Corrêa, preso em Curitiba (PR)
pela Operação Lava-Jato, afirmou, em documentos que integram seu acordo
de delação premiada, que o ex-presidente Lula discutia pessoalmente o
esquema de corrupção da Petrobras. Ele também citou vários deputados,
senadores, ministros, ex-ministros e ex-governadores envolvidos em
esquemas de corrupção, além de ter confessado que recebeu dinheiro
desviado de mais de 20 órgãos ligados ao governo nas últimas três
décadas. As informações foram publicadas ontem pela revista Veja.
Segundo
a publicação, Corrêa relatou que parlamentares do PP se rebelaram com o
avanço do PMDB nos contratos da diretoria de abastecimento quando a
área era dirigida por Paulo Roberto Costa. Um grupo teria ido ao Palácio
do Planalto na época que o petista era presidente para reclamar da
“invasão”. De acordo com Corrêa,
Lula
passou uma descompostura nos deputados dizendo que eles “estavam com as
burras cheias de dinheiro” e que a diretoria era “muito grande” e tinha
que “atender os outros aliados”, pois o orçamento era muito grande.
Segundo a publicação, os caciques do PP se conformaram quando Lula lhes
garantiu que a maior parte das comissões seriam dirigidas para a sigla.
A
revista também diz que, confirme o relato de Corrêa, Lula ordenou que
os partidos se entendessem. O ex-deputado, representando os interesses
do PP, reuniu-se com a alta cúpula do PMDB para tratar da partilha. O
senador Renan Calheiros (AL) é apontado como um dos primeiros a ser
procurado para acertar “o melhor entendimento na arrecadação”.
O
ex-deputado também diz que o ex-ministro e senador Edison Lobão (MA)
teve participação nos contratos com empreiteiras e atribui ao atual
secretário de governo, Geddel Vieira Lima (BA), a indicação do senador
cassado Delcídio do Amaral, na época do PT, para ocupar uma diretoria da
Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso. No relato, ele afirma
que Delcídio cobrava propina de empresas com negócios na diretoria que
comandava e repassava parte do dinheiro para o PMDB e PP.
A
revista relata a atuação de Lula quando foi presidente para nomear
Costa, indicado do PP, para diretor da Petrobras. “Mas Lula, eu entendo a
posição do conselho. Não é da tradição da Petrobras, assim, sem mais
nem menos trocar um diretor”, disse Dutra, na época presidente da
estatal. Lula respondeu, segundo Corrêa: “Se fôssemos pensar em tradição
nem você era presidente da Petrobras e nem eu era presidente da
República”.
Segundo
a revista, o ex-deputado diz que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o
ex-ministro Alexandre Padilha (PT-SP), o ex-ministro Alfredo Nascimento
(PR-AM), o ex-ministro José Dirceu, o deputado José Guimarães (PT-CE) se
beneficiaram de propina.
Corrêa
cita outros políticos que, segundo ele, tinham conhecimento de
pagamento de propina ou envolvimento em atos ilícitos como Aldo Rebelo
(PCdoB/SP), o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT/SP), o ministro do TCU
Augusto Nardes, o ex-ministro Jaques Wagner (PT/BA), o deputado Paulo
Maluf (PP/SP), a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB/MA) e o senador
Valdir Raupp (PMDB/RO).