“Somos todos Beatriz!”. Esse foi o grito
que os manifestantes entoaram, na noite desta quinta-feira (11), durante
mais uma manifestação pela morte da criança Beatriz Angélica Mota. O
protesto, que aconteceu em frente ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora,
centro de Petrolina, reuniu e emocionou familiares, amigos e a população
no geral.
Beatriz foi morta com golpes de faca no
dia 10 de dezembro de 2015 em uma das dependências da escola. Após 60
dias, o caso segue sem solução e nenhum suspeito de ter cometido o crime
foi identificado.
A mãe da criança, Lúcia Mota, que pela
primeira vez se pronunciou durante os protestos, visivelmente
emocionada, cobrou da direção do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora mais
participação na investigação do caso.
“Queremos também entender porque o
Colégio Nossa Senhora Auxiliadora de Petrolina não cobra das autoridades
uma solução para este problema. Só rumores de demissões, investimentos
nisso e naquilo e nada de contribuição real com as investigações. O
silêncio do colégio e a demora na conclusão do inquérito policial, tem
provocado rumores e boatos de toda ordem, inclusive do crime ser
passional, possibilidade que já foi descartada pelos investigadores”, declarou.
Ainda sobre a ausência da escola nas investigações, Lúcia Mota frisou: “A
brutalidade aconteceu dentro de uma escola católica com quase noventa
anos de tradição na região. A escola é sempre um local em que confiamos
os nossos filhos, um local em que sempre esperamos ser seguros para
eles. Não foi um crime cometido em uma mata, uma rua, foi dentro de uma
escola no centro da cidade com câmeras e ninguém viu nada? Ninguém sabe
de nada? Exigimos uma resposta, pois tem uma pessoa, um grupo, que nós
não sabemos, mas são muito perigosos e estão soltos, impunes. A minha
família foi vítima, a minha filha, quem será o próximo? Não temos
suspeitos, não sabemos a motivação para tamanha brutalidade. Não há
explicação”.
A mãe de Beatriz também pediu mais atenção
do Ministério Público Estadual de Pernambuco e o auxílio da Polícia
Federal nas investigações do crime.
“Esperamos um pronunciamento do
Ministério Público Estadual, não entendemos sua distância do caso, pois,
pela circunstância algo grave está colocando em risco toda população de
Petrolina e Juazeiro. Queremos saber dos senhores promotores quem está
acompanhando o caso e que colaboração tem dado para que o crime seja
desvendado. Até agora não temos um pronunciamento sequer dos promotores
da Infância e da Juventude de Petrolina. Queremos ajuda da Policia
Federal que tem aparato técnico que pode fazer chegar ao responsável
desse ato covarde e brutal. O Ministério da Justiça já foi acionado e
esperamos que a Polícia Federal também ajude”, pontuou.
Mesmo cobrando uma posição da polícia para que se chegue ao autor do crime, Lucia teceu elogios ao trabalho dos investigadores.
“Queremos agradecer, como
reconhecimento, ao delegado, Dr. Marceone, aos policias, investigadores e
agentes que estão se empenhando como guerreiros com esforços
sub-humanos para desvendar esse caso. Mas queremos justiça! Queremos
resposta! Queremos paz e que as famílias não passem pelo que estamos
passando hoje”, disse.
O protesto foi encerrado com uma homenagem
a pequena Beatriz que nesta quinta-feira completaria 8 anos. Em um
gesto simbólico a data, o furor dos motores do Moto Clube e o canto de
Parabéns, entoado pelos manifestantes com palmas, lembraram a vida da
menina, ao tempo em que clamavam por justiça. (Fonte: Geraldo José)