
Em audiência pública realizada com apoio
Constesf, agricultores da Borda do Lago de Sobradinho cobraram soluções
para deixarem de plantar na área de vazante do Lago.
O Povoado de Brejo de Fora, no município
de Sento Sé, recebeu, nesta quinta-feira (10), uma audiência pública que
discutiu a situação dos produtores rurais da Borda do Lago de
Sobradinho, diante da baixa vazão do Lago. A audiência, realizada pelos
agricultores com o apoio do Consórcio Sustentável do Território do São
Francisco (Constesf), contou a participação de representantes da Agência
de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB); da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa); do Instituto do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (INEMA); do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), do Presidente do Constesf e
prefeito de Sobradinho, Luiz Vicente Berti e demais autoridades
políticas.
Na ocasião, os presentes levantaram uma
discussão com o objetivo de elencar possíveis soluções para os
agricultores que foram notificados pelo INEMA. Os agricultores foram
advertidos a não plantarem na área de vazante do lago, ou seja, a área
que fica exposta com a baixa vazão, com o uso de agroquímicos. Diante
das notificações, as famílias, que dependem da agricultura, clamam por
alternativas para que não deixem de plantar e, consequentemente, percam a
sua fonte de renda.
Em sua fala, o presidente do Constesf e
Prefeito de Sobradinho, Luiz Vicente Berti, salientou o seu compromisso
junto aos agricultores. "O Constesf, junto com todos os órgãos aqui
presentes, está buscando uma maneira de desenvolver o território de
maneira sustentável, priorizando o diálogo, para que alcancemos um
resultado satisfatório para ambas as partes e de maneira que não
comprometa a saúde da população", declarou.
De acordo com o coordenador regional do
INEMA, Anselmo Vital Matos, os agricultores foram advertidos, mas não
serão multados. "O que o INEMA fez não foi proibir e nem impor, nós
fizemos uma advertência e estamos aqui para encaminhar soluções junto
com vocês. O uso de agrotóxicos próximo ao Lago e a construção de cercas
é proibido. Quero parabenizar todas as associações que apresentaram
propostas, nós precisamos desse momento para aliar forças e cobrar
responsabilidade das instituições, temos que ouvir esse lamento. Não
podemos permitir que o ribeirinho passe fome na borda do Rio São
Francisco", frisou.
Entre as soluções propostas pelos
agricultores estão a instalação de canais de aproximação e um prazo
maior para que continuem utilizando a área de vazante para plantio até
que encontrem outras soluções que possibilite a subsistência das
famílias. "Não temos condições de fazer uma captação de água a 10 ou 15
quilômetros. O que vai acontecer com os agricultores que não podem mais
plantar na área de vazante? Não queremos fazer mudança na lei, mas
queremos cobrar políticas públicas, pedimos que seja feito um trabalho
para que esses agricultores se adequem as regras. O problema não é só
econômico, é social", destacou a representante dos agricultores, Ângela
Nunes.
A partir da audiência, uma comissão
formada membros do INEMA, representações políticas, Constesf e
agricultores foi criada para deliberar as próximas ações que auxiliem os
agricultores. Um documento final expondo os problemas e a proposições
dos produtores será entregue a todas as autoridades competentes.