O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, nesta quinta-feira
(29) às investigações por supostos crimes de corrupção que envolvem sua
família. Ele pediu que ninguém fique com pena e afirmou que vai
sobreviver ao que classificou de "três anos de muita
pancadaria". "Aprendi com a vida a enfrentar adversidade. Se o objetivo é
truncar qualquer perspectiva de futuro, então vão ser três anos de
muita pancadaria. E, podem ficar certos, eu vou sobreviver", afirmou o
ex-presidente em discurso de mais de uma hora durante a reunião do
Diretório Nacional do PT, na capital federal. Lula brincou com a
Operação Zelotes, em que o seu filho mais novo, Luis Claudio, é
investigado por ter recebido dinheiro de uma empresa suspeita de comprar
uma Medida Provisória para beneficiar montadoras. "Tenho mais três
filhos que não foram denunciados, sete netos e uma nora que está
grávida. Porra, não vai terminar nunca isso?", disse. O ex-presidente
afirmou que as investigações criaram um "problema desgraçado" na família
dele. "Disseram que uma nora recebeu R$ 2 milhões. Aí vão perguntar
quem está rico na família. Daqui a pouco uma nora entra com um processo
contra a outra", brincou, arrancando risos da plateia. Apesar do
desgaste do PT diante dos escândalos de corrupção e da crise econômica e
política que abate o governo Dilma Rousseff, Lula avaliou que a legenda
tem chances de ganhar as eleições de 2016 em São Paulo, cidade que o
partido já comanda, com o prefeito Fernando Haddad. Ele defendeu que a
militância deve reagir às acusações de roubo. "Pode ficar certo que nós
temos chances de ganhar a capital de São Paulo", afirmou o
ex-presidente. Ele reconheceu que o PT cometeu erros, "mas qual partido
conquistou mais credibilidade do que o nosso, qual fez mais pelo povo do
que o nosso?", questionou. Lula defendeu que, em época de dificuldades
econômicas, a militância tem de ir para a rua. "A única coisa que não
vale é se esconder", afirmou. De acordo ele, o povo votará no pleito de
2016 em função da realidade de cada cidade. "Cada cidade é uma eleição,
cada cidade é uma cultura diferente", disse, defendendo que é preciso
construir um programa específico para o clima de cada cidade. "Portanto,
temos que estar preparados para surpreender nossos adversários",
comentou. "Não podemos ficar de cabeça baixa ouvindo o PT ser chamado de
ladrão", acrescentou. O ex-presidente da República afirmou que os
petistas que desejarem sair do partido encontrarão a mesma "porta aberta
de carinho" que encontraram para entrar. "O que não dá é para a gente
disputar com companheiros que, na primeira dificuldade, querem puxar o
carro", afirmou, sem mencionar nomes em seu discurso de mais de uma hora
de duração a membros do Diretório.