O ex-ministro do governo Dilma Rousseff (PT) Mário Negromonte
(2011/2012) - hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da
Bahia - disse à Justiça Federal no Paraná que indicação para a Petrobras
'é indicação política'. Segundo ele, o engenheiro Paulo Roberto Costa
foi escolhido em 2004 para a Diretoria de Abastecimento da estatal como
'nome trabalhado' pelo então deputado José Janene (PP/PR), morto em 2010
- Janene é apontado como mentor do superesquema de lavagem de dinheiro e
propinas para deputados, senadores e governadores. Ex-líder do PP na
Câmara, Negromonte é alvo de investigação da Procuradoria-Geral da
República, na Operação Lava Jato. Ele depôs nesta quarta-feira, 5, na
condição de testemunha do ex-deputado Pedro Corrêa (PP/PE), preso na
Lava Jato por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. Um irmão do
ex-ministro, Adarico Negromonte, chegou a ser preso pela Polícia
Federal, apontado como um dos carregadores de mala de dinheiro do
doleiro Alberto Youssef, peça central da Lava Jato. Em julho, Adarico
Negromonte foi absolvido pelo juiz federal Sérgio Moro. Na audiência
desta quarta (5) Mário Negromonte foi perguntado sobre o processo de
indicação de Paulo Roberto Costa para a unidade estratégica da
Petrobras. Durante sua gestão, Costa corrompeu-se e recebeu propinas
milionárias de empreiteiras para favorecê-las em contratos com a estatal
- ele confessou ter recebido US$ 23 milhões da Odebrecht em contas na
Suíça e tornou-se o primeiro delator da Lava Jato. "Eu já entrei no meio
do caminho", disse Mário Negromonte sobre a nomeação de Paulo Roberto
Costa. "Quando eu entrei no partido, eu acompanhei isso de longe, mas
partiu do deputado José Janene. E a gente sabe que a indicação é
indicação política". Ao ser indagado se Pedro Corrêa teve participação
na indicação, o ex-ministro de Dilma afirmou. "Ele era presidente (do
PP) na época, acompanhou a indicação, mas surgiu o nome trabalhado pelo
deputado José Janene, que buscou esse nome e que foi aceito pelo governo
federal, que analisou o currículo e atendeu o pedido do Partido
Progressista, em função do currículo e da vida técnica, capacitação
técnica que o sr. Paulo Roberto tinha na época".