Alvo de ataques por parte do presidente da Câmara, deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se
defendeu nesta tarde das acusações de que tem conduzido com parcialidade
as investigações da operação Lava Jato. "O trabalho está sendo
impessoalmente conduzido", disse Janot, sobre as investigações de
políticos que correm perante o Supremo Tribunal Federal, nas quais Cunha
é investigado por possível participação no esquema deflagrado pela
Operação Lava Jato. Desde a abertura do inquérito no STF, o presidente
da Câmara acusa Janot de "escolher a quem investigar" e de existir "uma
querela pessoal".
"O trabalho é absolutamente impessoal, profissional e não tem outro
objetivo que não seja a elucidação dos fatos", disse Janot nesta tarde,
em cerimônia de restituição simbólica à Petrobras de R$ 157 milhões
desviados e repatriados pelo Ministério Público Federal após acordo de
colaboração premiada firmada com o ex-gerente da estatal Pedro Barusco.
Janot pediu que a equipe que conduz as investigações mantenha o foco e
a calma, mesmo sob pressão, sem citar nominalmente nenhum dos políticos
investigados. "Nesse momento de turbulência queria lembrar a todos que
estão envolvidos nesse processo, por mais pressão que possa existir, que
temos que ter muita calma, foco no que se busca", disse Janot, citando
ainda música do compositor Walter Franco: "É tudo uma questão de manter a
mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo".
Atualmente, 50 pessoas estão sob investigação perante o STF,
conduzida pela Procuradoria-Geral da República, entre eles 48 políticos e
dois operadores do esquema. Janot frisou, durante sua fala, que a
investigação dos políticos teve início em 16 de janeiro neste ano e se
trata de apuração "ostensiva". "Acho que os resultados são visíveis",
disse o procurador-geral.