A demissão do ministro de Comunicação Social, Thomas Traumman, pegou
pouca gente de surpresa em Brasília, porque era inevitável, decorrente
de denúncias de malfeitos no Governo. Ele foi responsável por conduzir a
Pesquisa Brasileira de Mídia, a fim de auxiliar o Planalto a tomar
decisões relacionadas à publicidade oficial.
Parlamentares de oposição defenderam a demissão do ministro devido a
um documento interno divulgado pelo jornal "O Estado de S. Paulo" que
teria sido elaborado pela Secretaria de Comunicação e apontava uma
situação de “caos político” no País, “comunicação errática” do Governo.
Defendia também mais investimentos em propaganda em São Paulo.
Comissões da Câmara e do Senado aprovaram convite para que o ministro
esclarecesse aos parlamentares o conteúdo do documento. O Palácio do
Planalto se transformou em uma trincheira de guerrilha com a prática do
ex-ministro Thomas Traumman.
Em pronunciamento do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP),
cobrando a saída de Traumman, a oposição explorou que a imprensa havia
divulgado documento da Secretaria de Comunicação propondo uma ação
conjunta e coordenada entre a divulgação institucional de atos do
governo, cargo do órgão federal, e os blogs ditos progressistas, com a
finalidade de destruir a reputação de adversários, num verdadeiro
terrorismo ideológico.
Através de requerimento do próprio Aloysio Nunes, a Comissão de
Ciência e Tecnologia do Senado aprovou a convocação do ministro de
Comunicação para dar explicações sobre suas declarações atrapalhadas em
relação à forma de o Governo reagir ao bombardeio da oposição depois das
manifestações de rua pelo afastamento da presidente.
No documento, que Thomas vazou pata o Estadão, há uma clara
referência de que o Governo erra desde a reeleição de Dilma, sugerindo
que os apoiadores do Governo “estão levando uma goleada da oposição nas
redes sociais”. E aponta como saída reverter o quadro pós-manifestações
de 15 de março com investimento maciço em publicidade oficial em São
Paulo, cidade administrada pelo petista Fernando Haddad, onde se
concentra, hoje, a maior rejeição ao PT.