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Não
é só no volume de dinheiro desviado que o assalto à Petrobras já se
tornou maior que o mensalão. Seu impacto sobre a avaliação do governo
também ultrapassa de longe o do escândalo de 2005, mostra a nova
pesquisa Datafolha.
Quando
Lula vivia o pior momento, com seu principal ministro acusado de
comprar apoio de políticos no Congresso, 29% dos brasileiros
consideravam o governo ruim ou péssimo. Agora são 44% os que reprovam a
administração de Dilma Rousseff.
A
corrupção encostou na saúde como o problema que mais preocupa as
pessoas. E o petrolão começou a contaminar a imagem da presidente, que
passou a ser vista como "desonesta" por 47% dos entrevistados.
A
indignação com os desvios se soma à apreensão com a economia. O medo do
desemprego disparou, e quatro em cada cinco pessoas acreditam que a
inflação vai subir mais.
Na
sexta-feira, o IBGE informou que a alta de preços em janeiro bateu um
recorde de 12 anos. O que está ruim deve piorar em breve, com o reajuste
nas contas de luz.
Na
campanha, o PT dizia que a comida sumiria da mesa das famílias se a
oposição chegasse ao poder. As famílias reelegeram Dilma e agora reagem
ao se ver sob a mesma ameaça.
Nem
o tucano mais fanático poderia imaginar um quadro como o de hoje: a
presidente se reelegeu e, depois de apenas três meses, seu governo
parece se desmanchar.
A
falta de água, o risco de apagão e um Congresso mais hostil do que
nunca completam a equação explosiva. Não é à toa que a hipótese de um
processo de impeachment passou a rondar as conversas em Brasília, embora
ainda não haja provas de envolvimento da presidente no petrolão.
Em
2005, Lula se disse traído, jogou aliados ao mar e usou seu carisma
único para reagir. A economia ajudou, e ele conseguiu se erguer da lona.
Mergulhada em uma crise mais grave e sem a força política do padrinho,
Dilma aparenta não ter ideia do que fazer para sair do buraco.
(Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo)