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O
pagamento de propinas no Brasil e no México pode afetar nos Estados
Unidos uma fusão de US$ 13,3 bilhões entre duas empresas de equipamentos
médicos, de acordo com o jornal The New York Times, que obteve
documentos confidenciais das denúncias. Uma das companhias, a Biomet, é
acusada de pagar propinas a médicos que trabalham para o governo
brasileiro para conseguir vender equipamentos. No caso do Brasil, a
denúncia foi feita por um delator anônimo por correio eletrônico. A
legislação dos EUA favorece denúncias de corrupção em empresas e premia o
investidor com parte da multa que a companhia tem que pagar para a
Justiça. Em abril, a norte-americana Zimmer Holdings anunciou a compra
da sua rival Biomet, em um negócio de US$ 13,3 bilhões. As duas empresas
fornecem equipamentos ortopédicos, cirúrgicos e odontológicos e têm
sede no Estado de Indiana, nos EUA. "Os rumos da fusão agora dependem em
parte do resultado das investigações", afirma o Times, destacando que a
Biomet é investigada pelo Departamento de Justiça e pela Securities and
Exchange Commission (SEC, que regula o mercado de capitais
norte-americano). A multa a ser paga pela Biomet, destaca o jornal dos
EUA, pode afetar o valor do negócio. O Times lembra que o Departamento
de Justiça anunciou nesta segunda-feira, 22, o maior acordo já feito
envolvendo corrupção no exterior, o da francesa Alstom, que concordou em
pagar US$ 772 milhões para resolver uma investigação de pagamento de
propinas e subornos em vários países. A Biomet já havia sido alvo de
investigação pela Justiça dos EUA por um outro caso de pagamento de
propina, em 2012, também envolvendo o Brasil. Distribuidores da empresa
foram acusados de pagar médicos do governo para que os órgãos públicos
de saúde comprassem equipamentos da empresa. Na ocasião, a Biomet
cancelou os contratos com os distribuidores. Em outubro de 2013, de
acordo com o Times, uma denúncia anômica chegou aos EUA afirmando que o
esquema continuava com outros distribuidores. No México, a acusação é de
suborno de oficiais da alfândega para agilizar a importação de
produtos. A Biomet pertence a um grupo de investidores privados que
inclui os fundos de private equity Blackstone Group, Kohlberg Kravis
Roberts (KKR) e TPG Capital. Na época do anúncio do negócio, a previsão
era de que a operação entre as duas empresas fosse concluída no primeiro
trimestre de 2015.