O doleiro
Alberto Youssef disse em sua delação premiada que soube que o então
presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teve conhecimento do esquema
de propina na Petrobras após a eclosão da crise do mensalão, em 2005.
Lula, segundo o
relato do doleiro, procurou o presidente do PP à época, José Janene,
para discutir como acalmar os deputados do partido, descontentes com a
perda do financiamento ilícito que recebiam via mensalão.
O doleiro
afirmou em seu depoimento que a presidente Dilma Rousseff também tinha
conhecimento do esquema de desvios de recursos. As citações a Dilma e a
Lula foram reveladas pela 'Veja'.
Duas pessoas
que acompanham a investigação confirmaram à Folha que Youssef mencionou a
atual e o ex-presidente em depoimentos. Ele foi mais citado do que ela,
segundo estas fontes.
A revista
"Veja" ainda diz que o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli
ordenou o pagamento de R$ 1 milhão a uma agência de publicidade que
ameaçava revelar o esquema.
Gabrielli, em nota, negou com veemência a acusação.
O esquema da
Petrobras é apontado por procuradores da Operação Lava Jato, que
investiga esquema de lavagem de dinheiro envolvendo a estatal, como
sucessor do mensalão.
Youssef era
próximo de Janene, que morreu em 2010, e do próprio PP. O doleiro nasceu
na mesma cidade de Janene, em Londrina (PR), e herdou negócios do
parlamentar, como ele mesmo contou aos procuradores.
O PP aderiu à
base aliada do governo Lula em 2003 e recebeu R$ 4,1 milhões durante o
mensalão, esquema de compra de apoio de parlamentares operado pelo
publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.
A revelação do esquema do mensalão, feita pela Folha em junho de 2005, implodiu o esquema de compra de apoio do PP.
O PT, à época,
tinha outros problemas com seu aliado. A ameaça do PP de deixar a base
aliada era tão grande que, em junho de 2005, o governo entregou um
ministério para o partido, o das Cidades.
Foi o PP que
indicou Paulo Roberto Costa à diretoria de abastecimento da Petrobras em
2004, cargo que o executivo ocupou até 2012.
O ex-diretor,
também investigado na Lava Jato, disse à Justiça que sabia que havia
sido colocado no cargo para fazer operações que irrigariam o PP, que
ficava com 1% do valor de contratos, e o PT, que ficava com 2%. (Fonte:Folha política)