terça-feira, 25 de novembro de 2014

Juiz da Lava Jato rebate defesa de acusados



O juiz federal Sérgio Moro, que conduz o processo da operação Lava Jato, chamou de "fantasiosa" a tese levantada pela defesa do vice-presidente da empreiteira Engevix, Gerson Almada, de que o magistrado estaria ocultando o nome de políticos para que o caso não fosse transferido para o STF (Supremo Tribunal Federal). A operação Lava Jato investiga um esquema de desvio de recursos públicos da Petrobras avaliado em R$ 10 bilhões.
Na última segunda-feira, o ministro do STF Teori Zavascki questionou o juiz após manifestação dos advogados de Gerson Almada. Segundo a defesa do vice-presidente da Engevix, a PF sabia, desde setembro de 2013, que o doleiro Alberto Yousseff mantinha relações com deputados federais, mas que Moro só teria reconhecido isso após a deflagração da operação Lava Jato, em março deste ano.
A tese defendida por alguns advogados dos envolvidos é de que, na medida em que a investigação envolveria políticos com foro privilegiado, o caso deveria tramitar no STF, e não na Justiça Federal do Paraná.
A defesa de Gerson Almada afirmou que Moro impede os réus de citar os nomes de políticos supostamente envolvidos no esquema de desvio de recursos da Petrobras. Dessa forma, o caso continuaria sob sua responsabilidade.
Em despacho publicado hoje, Moro contesta a acusação dos advogados. "A orientação (...) para que os depoentes não indicassem, em audiência, o nome de agentes políticos visou, a toda evidência, não esconder o fato da possível ocorrência de crimes da espécie (...), mas sim preservar a autoridade da decisão da Suprema Corte, que decretou sigilo sobre este conteúdo específico da colaboração premiada de Paulo Roberto Costa", escreveu Moro, referindo-se ao acordo de delação premiada feito com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, apontado como um dos operadores do esquema.
"Esclareço ser fantasiosa a argumentação de que este Juízo estaria ocultando o nome de agentes políticos envolvidos nos crimes para preservar a competência em primeiro grau de jurisdição", disse Moro.