Após uma semana de negociações com o
PSDB, a candidata derrotada à Presidência pelo PSB, Marina Silva,
anunciou neste domingo (12) que apoiará o candidato tucano Aécio Neves
no segundo turno. A decisão foi divulgada, em São Paulo, um dia depois
de o presidenciável do PSDB assumir, por meio de uma carta aberta, uma
série de compromissos para a área social, entre os quais parte das
condições impostas pela ex-senadora para apoiá-lo na reta final da
corrida pelo Palácio do Planalto. "Tendo em vista os compromissos
assumidos por Aécio Neves, declaro meu voto e o meu apoio a sua
candidatura. Votarei em Aécio e o apoiarei. Votando nesses compromissos,
dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e
de seu partido e, principalmente, entregando à sociedade brasileira a
tarefa de exigir que sejam cumpridos", disse Marina, ao final de um
pronunciamento de cerca de meia hora, ao lado de seu candidato a vice na
eleição presidencial, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).
"Não estou com isso fazendo nenhum
acordo ou aliança para governar. O que me move é a minha consciência, e
assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas", complementou. Entre as
promessas assumidas pelo tucano no sábado, em resposta às condições
apresentadas pela ex-senadora, está, caso seja eleito, adotar uma
política ambiental sustentável, priorizar o ensino integral no país e a
criar um fundo para tentar solucionar os conflitos entre índios e
produtores rurais, além do compromisso de que irá trabalhar para que o
Congresso Nacional aprove o fim da reeleição para cargos executivos. Em
meio ao discurso deste domingo, Marina afirmou que um dos motivos que a
motivaram a apoiar o antigo adversário do PSDB foi sua convicção sobre a
importância da alternância de poder fará bem ao país. Ela também
destacou trechos da carta de Aécio que, de acordo com a ex-senadora,
atendem ao programa elaborado conjuntamente pelo PSB e pela Rede.
A ex-ministra do Meio Ambiente
ressaltou, entre outros pontos, o compromisso do tucano de combater a
discriminação; a aprovação de uma lei que transforme o Bolsa Família em
programa de Estado; a promessa de buscar o desmatamento zero; a proteção
dos direitos indígenas; compromisso com a educação, a saúde e a reforma
agrária; e a reforma política. Sobre esse último item, Marina enfatizou
a importância de pôr fim à possibilidade de reeleição para cargos
executivos. Segundo ela, essa prerrogativa se tornou fonte de corrupção e
do mau uso das instituições de Estado.
Marina comparou os compromissos
assumidos por Aécio Neves para a área social à Carta ao Povo Brasileiro
assinada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha
presidencial de 2002. À época, diante dos temores do mercado de que ele
pudesse promover mudanças drásticas na política econômica se assumisse o
Palácio do Planalto, o petista se comprometeu, por escrito, a manter a
espinha dorsal do Plano Real, dando continuidade à ortodoxia na condução
da economia brasileira. “Aécio retoma o fio da meada virtuoso e
corretamente manifesta-se na forma de um compromisso forte, a exemplo de
Lula”, observou Marina. “Doze anos depois, temos um passo adiante, uma
segunda carta aos brasileiros, intitulada: ‘Juntos pela democracia, a
inclusão social e o desenvolvimento sustentável’”, comentou.