sábado, 6 de setembro de 2014

Com gol de falta de Neymar, Brasil derrota a Colômbia



Com gol de falta de Neymar, Brasil derrota a Colômbia


Neymar não fechou as feridas abertas da Copa do Mundo, mas mostrou que seus pés podem abrir o caminho para a reconstrução da equipe. Com o golaço de falta aos 37 minutos do segundo tempo, garantiu a vitória contra a Colômbia por 1 a 0, em Miami, na primeira partida depois do desastre do Mundial. Reafirmou o que já sabia: o Brasil precisa de uma orquestra porque já tem o maestro.

Antes de fazer o gol, Neymar já havia sofrido tantas faltas a ponto de conseguir a expulsão de Cuadrado, o mais perigoso da Colômbia. A seleção só jogou bem quando ele apareceu.

Neymar começou a resolver as encrencas do jogo antes de a bola rolar. Ele e Zúniga, vítima e algoz na Copa do Mundo, foram os capitães e apertaram as mãos no cara e coroa. Tudo protocolar, nada especial. Eles voltaram a se encontrar aos 4 minutos, aos 22 e aos 38, quando o colombiano levou cartão amarelo por causa de um agarrão. A sequência de lances jogou no passado a rivalidade.

As faíscas saíram de outros duelos. Valdés caçou Neymar em vários lances e Ramires deu o troco em Cuadrado. Jogo pegado, que atualizou o confronto da Copa e que colocava em dúvida o rótulo de amistoso.

Com apenas três treinamentos, Dunga ainda não mostrou uma filosofia de jogo. Talvez nem mesmo a tenha. Seu pragmatismo, no entanto, não foi de todo vazio. Funcionou, por exemplo, o planejamento de Dunga de pedir movimentação de Diego Tardelli e Neymar. Os zagueiros colombianos ficavam perdidos, como aos 10 minutos, quando o camisa 10 achou Maicon livre na direita. O lance não deu em nada, mas mostrou o mapa da mina.

Foi o que aconteceu aos 32 minutos, quando Oscar perdeu a melhor chance. Em um contra-ataque quase perfeito, sobraram três brasileiros contra dois. Na finalização, Oscar chutou torto. Usou o pé direito quando deveria ter tentado a canhota. Essa é uma das ideias do novo treinador: fazer com que os meias cheguem à área para finalizar.

O ataque também ganhou pontos ao voltar para ajudar na marcação. Diego Tardelli voltou para marcar os laterais até a entrada da área brasileira. A defesa, por outro lado, mostrou insegurança em algumas defesas esquisitas de Jefferson e nas saídas atabalhoadas de David Luiz. Também persistiu em algumas jogadas ineficazes da época da Copa, como os lançamentos longos da defesa para o ataque, saltando o meio.

Alguns lances, justiça seja feita, foram méritos colombianos. O técnico argentino José Pekerman conseguiu criar um padrão tático em um time que sempre viveu dos talentos individuais. Havia uma ideia de jogo clara até a expulsão de Cuadrado, aos 3 minutos do segundo tempo.

Quando o melhor jogador colombiano foi expulso pela segunda falta por trás em Neymar, o Brasil fincou a sua bandeira no território do inimigo. Dunga aproveitou bem a troca dos volantes, quando entraram Elias e Fernandinho. Mostrou que queria ganhar o jogo quando escalou Everton Ribeiro e Phillipe Coutinho.

Curiosamente, o Brasil não conseguiu aproveitar os espaços, afunilou seu jogo e caiu na armadilha dos zagueiros colombianos, bons rebatedores. Quase não criou na etapa final. Aí, apareceu Neymar para transformar uma atuação mediana em um risco de esperança no futebol brasileiro.