Recentemente em
nossa cidade ocorreu um fato de agressão física contra uma mulher. Como
tantos outros que acontecem em nosso país todos os dias, a cada minuto.
Uma característica entretanto, distinguiu este evento dos demais. O
episodio envolvia uma pessoa pública. O agressor é um político, um
vereador, O Excelentíssimo Senhor Dalmir Pedra. Eleito com o voto de
mulheres e homens de nossa cidade, acreditando estarem elegendo um
cidadão que iria legislar em favor dos direitos da pessoa humana, além
de exercer e exigir o cumprimento das leis, da ordem constitucional. O
referido acontecimento foi veiculado pela radialista Sibelle Fonseca em
seu programa Palavra de Mulher. A partir daí, gerou-se um incomodo por
parte do agressor, que entrou no ar, no referido programa, explicitando
sua “indignação” pelo fato de o assunto estar sendo tratado
publicamente. O mesmo chegou a ser deselegante, arma comum à falta de
argumentos àqueles que buscam justificar o que é injustificável.
A jornalista tocou em algo que deveria
no entender do pensamento machista estar resguardado, mantido entre as
paredes do “lar doce lar”, expressão atualmente trincada pelo alto
índice de conflitos domésticos que atingem nós mulheres e crianças.
Desde a promulgação da Lei Maria da
Penha, que comemorou sete anos em 2013, o número de denúncias contra
violência à mulher cresceu 600 % ( dados da Secretaria de Políticas
Públicas para Mulheres). A elevação no número de relatos não significa
essencialmente, um crescimento dos casos de violência, mas um aumento
das denúncias, ou seja, as mulheres estariam se sentindo mais seguras
para procurar ajuda. As estatísticas também mostram a quebra de um
paradigma: de que apenas nas classes econômicas baixas ocorrem agressões
contra a mulher.
Há ainda uma mudança cultural
importante acontecendo: tem aumentado a intolerância da população
relacionada à violência contra a mulher. Cidadãos e cidadãs também estão
cumprindo o dever, denunciando.
Diante do supracitado, nós membros do
Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher de Juazeiro, vimos a público
parabenizar a radialista Sibelle Fonseca pela bravura e sendo de
responsabilidade no cumprimento do seu dever, como mulher, como cidadã,
como jornalista. Acreditamos que só ações corajosas, como estas,
conduzirão a um rompido do ciclo histórico de “naturalização” com que
é/era vista as agressões sofridas pelas mulheres brasileiras.
Queríamos ainda, expor nossa indignação,
diante deste e dos demais fatos ocorridos em nossa cidade, em que
mulheres têm sofrido agressões das mais diversas formas e nos mais
diferentes graus de severidade. Por fim, Nós membros do CMDDM,
constatamos com a disposição de combater, o grande aliado das
recorrentes agressões contra nós mulheres: o silêncio.
Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher - CMDDM