quinta-feira, 19 de julho de 2012

Três meses depois da Operação Detalhes, Roberto Carlos diz que ainda não depôs na Polícia Federal


Enquanto os professores estaduais grevistas permaneciam concentrados na Assembleia Legislativa após assembleia que definiu a continuidade do movimento, o deputado estadual Roberto Carlos (PDT) chegava ao local para cumprir um compromisso em um prédio próximo, na Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização. O pedetista contou ao Bahia Notícias que tinha um encontro agendado com o titular da pasta, Nestor Duarte, para discutir a superlotação do presídio de Juazeiro. Indagado sobre a paralisação dos docentes, Roberto Carlos disse que o governo também tinha sua parcela de culpa por assinar um acordo que não foi posteriormente cumprido, mas em seguida pontuou que não havia dinheiro suficiente para arcar com o reajuste de 22%, inicialmente pretendido pelos professores. Depois, pontificou: “Tudo tem limite. E [a greve de] 90 dias já passou do limite”. A greve dos professores completou 98 dias. Foi decretada no dia 11 de abril. Um pouco antes, no dia 3 de abril, a Polícia Federal deflagrou na Assembleia Legislativa a Operação Detalhes, que teve como alvo o gabinete de Roberto Carlos. De acordo com as investigações, o deputado empregava funcionários fantasmas e desviava o dinheiro que deveria pagar o salário dos trabalhadores. Na época, o superintendente regional da PF em exercício, Daniel Veras, disse que o parlamentar e mais oito envolvidos no suposto esquema deveriam ser indiciados por formação de quadrilha, peculato, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Mais de 100 dias depois da ação da polícia, Roberto Carlos disse que ainda não prestou depoimento e que sequer foi convocado. O delegado da Polícia Federal em Juazeiro, Enzo Rebelo, explicou que, pelo fato de possuir domicílio civil em Salvador, o deputado tem o direito de ser ouvido na capital baiana. “Foi enviada uma carta precatória para ele ser ouvido aí”, disse Rebelo ao BN. De acordo com ele, após o depoimento de Roberto Carlos, o delegado responsável pelo caso, Márcio Alberto, elaborará um relatório final e encaminhará ao Ministério Público Federal. “Se o MPF achar que procede, elabora uma denúncia ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região [TRF-1], em Brasília”, completou.