Enquanto os professores estaduais grevistas permaneciam concentrados na Assembleia Legislativa após assembleia que definiu a continuidade do movimento, o deputado estadual Roberto Carlos (PDT) chegava ao local para cumprir um compromisso em um prédio próximo, na Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização. O pedetista contou ao Bahia Notícias que tinha um encontro agendado com o titular da pasta, Nestor Duarte, para discutir a superlotação do presídio de Juazeiro. Indagado sobre a paralisação dos docentes, Roberto Carlos disse que o governo também tinha sua parcela de culpa por assinar um acordo que não foi posteriormente cumprido, mas em seguida pontuou que não havia dinheiro suficiente para arcar com o reajuste de 22%, inicialmente pretendido pelos professores. Depois, pontificou: “Tudo tem limite. E [a greve de] 90 dias já passou do limite”. A greve dos professores completou 98 dias. Foi decretada no dia 11 de abril. Um pouco antes, no dia 3 de abril, a Polícia Federal deflagrou na Assembleia Legislativa a Operação Detalhes, que teve como alvo o gabinete de Roberto Carlos. De acordo com as investigações, o deputado empregava funcionários fantasmas e desviava o dinheiro que deveria pagar o salário dos trabalhadores. Na época, o superintendente regional da PF em exercício, Daniel Veras, disse que o parlamentar e mais oito envolvidos no suposto esquema deveriam ser indiciados por formação de quadrilha, peculato, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Mais de 100 dias depois da ação da polícia, Roberto Carlos disse que ainda não prestou depoimento e que sequer foi convocado. O delegado da Polícia Federal em Juazeiro, Enzo Rebelo, explicou que, pelo fato de possuir domicílio civil em Salvador, o deputado tem o direito de ser ouvido na capital baiana. “Foi enviada uma carta precatória para ele ser ouvido aí”, disse Rebelo ao BN. De acordo com ele, após o depoimento de Roberto Carlos, o delegado responsável pelo caso, Márcio Alberto, elaborará um relatório final e encaminhará ao Ministério Público Federal. “Se o MPF achar que procede, elabora uma denúncia ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região [TRF-1], em Brasília”, completou.