Maior partido da base aliada do governo e fonte de permanente tensão na aliança, o PMDB entra em 2012 convencido de que o candidato preferencial de Dilma Rousseff a vice-presidente, se ela for candidata à reeleição em 2014, é o atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB. Principalmente se Campos ganhar musculatura nas eleições municipais de 2012, junto com seu aliado, o PSD do prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo.
Tanto Dilma como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estimulam os receios do PMDB e a ambição política de Campos. Os pemedebistas, por seu turno, preparam-se para conseguir um bom desempenho nas eleições municipais e assim fortalecer sua posição para a reedição da aliança. Eles julgam que terão mais chances de manter a atual posição se o candidato do PT for Lula.
A volta de Lula é uma hipótese seriamente considerada no PMDB. O partido vê na maneira como Dilma trata os congressistas, de modo geral, movimentação de quem não está de olho em disputar a reeleição.
A relação de Dilma com o PMDB alterna calmaria e alta tensão. Logo de início os mais experientes, como José Sarney e Renan Calheiros, compreenderam que Dilma não aceita ser desafiada. Viram suas observações confirmadas no episódio em que o deputado Eduardo Cunha (RJ) tentou barrar o nome escolhido pela presidente para Furnas. Aos poucos, o líder na Câmara, Henrique Alves, também aceitou que o melhor era atuar nos bastidores, discretamente, que bater de frente com Dilma.
Em vez disso, o PMDB passou a fazer o que sabe melhor: cria o problema para vender facilidade. Sem aviso prévio.