quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O escândalo das privatizações em Juazeiro


O prefeito Isaac Carvalho quer entregar Mercado do Produtor, Mercado Joca de Souza, Mercado Arnaldo Vieira , Terminal de ônibus, Camelódromo e Orla Nova da cidade à iniciativa privada.
O prefeito Isaac Carvalho(PCdoB) enviou à Câmara municipal um projeto de lei que determina a entrega do Mercado do Produtor, do Mercado Joca de Souza, Mercado Arnaldo Vieira , do Terminal de ônibus, do Camelódromo e da Orla Nova da cidade à iniciativa privada.
Nunca antes na história de Juazeiro se viu uma iniciativa escandalosa como essa de tentar entregar a terceiros grande parte da responsabilidade do gestor público, daquele que foi eleito, acreditado pelo povo para gerir a cidade.
Parte dos vereadores conseguiu impedir a votação do projeto ontem. No entanto, os governistas levarão a questão a audiência pública na qual o povo não pode falar – porque o regimento da Câmara de Juazeiro não permite que o povo fale nem em audiências chamadas “públicas”.
E alguns agravantes nesse caso precisam ser discutidos:
Primeiro: a população de Juazeiro não tem acesso a claras informações do montante da riqueza que circula no Mercado do Produtor, que é uma mina de ouro cujos benefícios  os políticos não permitem que a cidade de Juazeiro usufrua efetivamente.
Agora, a além da obscuridade quanto a essa riqueza, é também obscuro o interesse do prefeito de passar isso a um empresário.
Segundo: A Orla Nova de Juazeiro, que poderia significar, hoje, um local de brilhante ponto turístico, está, na verdade, sendo investigada pelo Ministério Público Federal, porque entre os governos de Misael Aguilar e de Isaac Carvalho, só de convênio federal, já se recebeu R$ 1 milhão para aplicar naquela área.
Misael recebeu R$ 500 mil e Isaac mais R$ 500 mil. Resultado disso? Nada, como se pode ver.
Além disso, inúmeros comerciantes da cidade estão se mobilizando para acionar a Justiça, por serem permissionários do que deveria ser um centro gastronômico, mas que se restringe a banheiros a céu aberto – como o Folha mostrou em matéria publicada em julho deste ano.
Terceiro: entregar os mercados municipais e o camelódromo para a iniciativa privada, quando a prefeitura deveria gerenciar, é uma forma de expor os comerciantes dessas áreas a obrigações que são de gestão pública.
Como não poderia ser de outra forma, qualquer empresário que assumir a administração desses mercados quererá lucrar sobre os ganhos dos comerciantes do local. E esse ônus não é justo para quem luta tanto para ter, ainda, tão pouco.
E, por fim, é desesperadamente importante dizer aos vereadores da Casa Aprígio Duarte que permitir que um governo, em seu último ano de mandato, em pleno  ano eleitoral (e , portanto, que requer atenção quanto às relações público-privadas) entregue parte da cidade a empresários é mais que a costumeira subserviência que se tem visto nos últimos anos – é uma imoralidade!
Com certeza, o povo de Juazeiro não quer ser gerenciado por empresários. Juazeiro elege homens públicos para isso – embora estes não tenham honrado e cumprido seu papel.
Esse escândalo de privatização que o atual prefeito de Juazeiro pretende fazer , sob o elegante nome de Parceria Público-Privada é uma mostra da mais absoluta incapacidade de administrar a coisa pública.
É uma escândalo, uma vergonha, um golpe no povo de Juazeiro, um desrespeito ao voto recebido – enfim, uma questão de indignar até mesmo a mais inerte das criaturas!
Editorial: Folha do são Francisco