quarta-feira, 4 de abril de 2018

Na hora do calor, fique frio



Carlos Brickmann

Os caros leitores, adeptos e adversários de Lula, farão a gentileza de perdoar este colunista, que neste momento discorda de todos; acredita que o juiz singular, mais os três, unânimes, do Tribunal Federal de Recursos, não se enganariam ao condená-lo – e por um só crime, havendo acusações ainda pendentes. Mas discorda de quem o quer atrás das grades. Negar sua candidatura por ter a ficha suja, OK: mas prendê-lo para que? Vingança?
Do jeito que a coisa foi conduzida, boa parte dos eleitores acha que Lula só será punido se for preso – caso contrário, acredita-se erradamente, terá sido criminoso sem pena. E outra parte substancial acha que a prisão é uma punição inaceitável. Se, aplicada a lei, Lula fosse declarado inelegível, discutindo-se depois a prisão, o crime estaria exemplarmente punido.
Como está a situação, hoje? Se Lula se livra da prisão, fica a imagem de que tudo é permitido. Haverá uma série de pedidos de libertação de presos. Fica a imagem de que manifestações populares e a lei foram ignoradas para que um político condenado, mas popular, se livrasse da cadeia. Se Lula for preso, ficará a imagem do líder popular martirizado por seus inimigos. A ladroeira se transformará em martírio. Lula não poderá ser candidato, mas terá a chance de dar apoio, talvez decisivo, à candidatura de algum poste.
Como dizia Ulysses Guimarães, política não se faz com o fígado. Política se faz com o cérebro. Mas como, com Dilma x Carlos Marun?