O objetivo é afastar imagem de truculência dos militantes
Catia Seabra – Folha de S.Paulo
A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, petistas e integrantes de movimentos de esquerda organizam, para esta quarta-feira (4), o que chamam de uma vigília cívica e democrática durante o julgamento do habeas corpus apresentado ao STF (Supremo Tribunal Federal).
O ex-presidente Lula orientou seus apoiadores a não hostilizarem a Justiça durante o julgamento de seu pedido de habeas corpus para evitar a ideia de pressão externa sobre o Supremo.
Apesar das recomendações, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra João Paulo Rodrigues falou em guerra caso o petista perca. Ele deu a declaração nesta terça (3), após visita ao Instituto Lula.
“Não vamos dar paz ao Judiciário se mantiver o erro da condenação”, disse. “Temos que estar preparados. Vai ser duro qualquer que seja o resultado. Se ganhar [Lula], a direita vai ficar com muita raiva. Tem que ficar calmo, sem comemorar. Se perder, é muita guerra e muita luta.”
O sem-terra também relatou aos dirigentes do instituto detalhes da organização do movimento para esta quarta (4). Segundo ele, a orientação é priorizar as capitais, especialmente Brasília, para onde foram enviados 35 ônibus, e São Bernardo do Campo.
A ordem é acompanhar o ex-presidente com vigílias diante de seu apartamento, não só durante o julgamento, mas nos dias que o sucederem. Embora tenha conversado com também com Lula, João Paulo afirmou que o ex-presidente evitou falar sobre o julgamento.
EM CASO DE PRISÃO
Além do planejamento para o julgamento, os aliados de Lula já têm traçado um plano de contingência para eventual expedição de mandado de prisão pelo juiz Sergio Moro.
A intenção é garantir que o petista esteja cercado de amigos e apoiadores nesse caso. A orientação, segundo petistas, não é dar resistência ao cumprimento da ordem, mas evitar que Lula esteja sozinho no momento de sua consumação.
Aliados de Lula afirmaram que o ex-presidente está preocupado com o risco de confrontos, e ameaça até se apresentar ao menor sinal disso.
Nesta quarta haverá uma concentração às portas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde mora o ex-presidente. É lá que Lula deverá assistir ao julgamento do STF.
Por volta das 14h desta terça, uma chuva esfriou os ânimos e dispersou manifestantes em ato em defesa do petista em frente ao prédio em que ele mora. O evento fora convocado por PT, CUT e MTST. A chuva arrefeceu os gritos de “Lula presidente”, os movimentos das bandeiras vermelhas e os batuques de tambor.
Segundo a organização, o ato teve início com 200 participantes. Por volta das 16h, mais da metade já havia deixado o local.
Para evitar a dispersão, membros da CUT distribuíram capas de chuva. A capa, porém, era azul, cor associada ao PSDB, o que gerou piadas no local. “Prefiro tomar chuva a me vestir como tucano”, gritavam alguns.
ATO NO RIO
Após pernoite no Rio, o ex-presidente passou a terça-feira, véspera do julgamento, no instituto Lula, onde recebeu a visita do presidente da Coteminas, Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente José de Alencar.
Na saída, Josué não descartou nem admitiu hipótese de deixar o PMDB para ocupar a vice da chapa do PT à Presidência.
Segundo ele, os dois conversaram sobre o desempenho de Cristiano Ronaldo na disputa entre Real Madri e Juventus.
“Ele não falou sobre julgamento”, disse Josué