O presidente Michel Temer discutiu, ontem, no Palácio da Alvorada a
criação do Ministério de Segurança Pública que terá, entre outras
atribuições, cuidar da Polícia Federal. O debate foi feito durante
encontro com ministros e os comandantes das três Forças Armadas.
Pelo desenho em discussão, o Ministério da Justiça será esvaziado. A
Polícia Federal, hoje subordinada ao MJ, será transferida para o novo
ministério, assim como outras polícias.
A Polícia Rodoviária Federal também sairá do MJ. Na prática, os
órgãos mais importantes que ficarão sob os cuidados da Justiça serão o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Fundação Nacional
do Índio (Funai).
Temer quer assinar a medida provisória que instituirá a nova pasta
ainda nesta semana. Um decreto posterior fará a separação das
atribuições, segundo o blog apurou.
Hoje, o atual ministro da Justiça, Torquato Jardim, já é alijado de
discussões centrais envolvendo a pasta, como ocorreu na escolha do novo
diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia.
No discurso de Temer, criar um novo Ministério de Segurança Pública
neste momento passa a ideia de que o governo federal está respondendo à
crise de segurança e escalada de violência em diferentes estados do
país, como o Rio de Janeiro.
Além disso, afirmam ministros, o presidente quer atender a
parlamentares da chamada "bancada da bala" na Câmara dos Deputados, já
que a pasta é um pleito deles desde 2017.
A discussão da nova pasta também desvia o foco da reforma da
Previdência que, para o governo, nos bastidores, tem poucas chances de
passar na Câmara.
Um dos nomes ventilados ontem na reunião no Alvorada por Temer para a
vaga foi o do ex-governador Luiz Fleury, que estava no comando do
governo de São Paulo quando ocorreu o chamado Massacre do Carandiru,
como ficou conhecida a ação da Polícia Militar (PM) para controlar uma
rebelião no pavilhão 9 da Casa de Detenção, na Zona Norte de São Paulo.
Ao todo, 111 presos morreram naquele 2 de outubro de 1992.
Outro nome defendido por algumas alas do governo é o do subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha.