RJ: deputados presos mantêm os salários
Gastos com parlamentares ausentes chega a R$ 1,7 milhões; pagamentos a conselheiros R$ 2,2 milhões
Felipe Bächtold – Folha de S.Paulo
Focos
de duas das principais fases da Lava Jato do Rio, a Assembleia
Legislativa e o Tribunal de Contas do Estado permanecem pagando salários
para deputados que estão presos e a conselheiros mantidos afastados em consequência da operação. Indicados deles também continuam ocupando cargos nas instituições.
Detidos
desde novembro, os deputados do MDB Jorge Picciani (presidente da
Assembleia), Edson Albertassi (ex-líder governista) e Paulo Melo recebem
salário de R$ 25,3 mil, segundo o Portal da Transparência da Casa. Cada
deputado da Assembleia tem ainda direito a 20 assessores, com
vencimentos que, somados, podem chegar a R$ 160 mil a cada mês, além de
benefícios, como carro oficial.
Isso
representa gasto de R$ 1,7 milhão dos cofres públicos com os gabinetes e
os salários dos três deputados nos três meses de prisão.
No
site e no "Diário Oficial" o nome de Picciani, também presidente
estadual do MDB, segue aparecendo como o de presidente da Casa. O
responsável interinamente pela Assembleia é André Ceciliano (PT), já que
o primeiro vice-presidente, Wagner Montes (PRB), está em licença por
motivos de saúde.
No
painel de votações, os três presos são considerados ausentes, mas,
segundo a Casa, não estão sendo computadas faltas porque eles estão
afastados do mandato. Um processo no Conselho de Ética que pode resultar
nas cassações foi aberto no fim de 2017, mas teve pouco andamento.
Os
três foram detidos na Operação Cadeia Velha sob suspeita de elaborar
leis a favor de empresas de transporte em troca de pagamentos. Eles
foram denunciados pelo Ministério Público Federal em dezembro.